De paraquedista do Exército no Rio a ‘xerife’ nos EUA: brasileiro de 56 anos é nomeado em guarda americana

Samuel Batista avalia que há abertura para entrada de estrangeiros no departamento de polícia do país em que vive desde 1998
Henrique Barbi*
Com boa parte de sua vida dedicada a servir, o brasileiro Samuel Batista, de 56 anos, passou a integrar o quadro de xerifes da cidade de Palm Coast, no Condado de Flagler, na Flórida. Há mais de duas décadas nos Estados Unidos, ele conta com uma formação militar no Brasil, tendo sido paraquedista da turma de 1987 no Batalhão de Infantaria do Rio de Janeiro.

Em entrevista ao GLOBO, Batista dividiu como se deu o processo para entrar no departamento de polícia do país. Apesar de ter tido um início na função turbulento, com a resistência de alguns americanos contrários à presença de estrangeiros na guarda, a instituição, segundo ele, está mais aberta à participação de imigrantes — ele relata que trabalha com jamaicanos, portugueses e espanhóis.

— Tem que passar no teste físico e depois nas investigações, que costumam ser bem rigorosas. Se for aprovado, eles fazem um contrato para você atuar como um delegado assistente do xerife — explica. — É um trabalho que envolve muita prática e estudo das leis. Depois de um tempo lá dentro, você pode até escolher em qual área vai atuar mais.

Quando migrou para o país, em 1998, Batista sonhava em atuar no Exército Americano, mas foi impedido à época por ainda não ter obtido a cidadania. Diante da negativa, decidiu exercer a função de bombeiro civil voluntário, atividade que desempenhava nos finais de semana e dias de folga.

Natural de Volta Redonda, no interior Fluminense, Batista lembra com carinho do tempo em que foi paraquedista. Três anos antes do recrutamento militar obrigatório, ele entrou para o Clube Águias, onde passou a exercitar o ofício que o levaria para as Forças Armadas.

Batista nos tempos de paraquedista do Exército Brasileiro. — Foto: Reprodução/redes sociais

Agora, ele garante que é o primeiro paraquedista brasileiro a virar xerife nos EUA, pondera que a idade não foi um empecilho e encoraja outros brasileiros a trilharem o mesmo caminho que ele.

— Não tem idade para ser policial nos Estados Unidos. Eles dão chance para qualquer um que tenha iniciativa — pontua.

Dono de uma estrela no peito, daquelas que se vê em filmes policiais, Batista se diz um homem simples, embora orgulhoso de seu feito, e já faz planos para um futuro próximo.

— Tudo o que consegui foi com fé em Deus e não é uma estrela no peito que vai mudar a minha essência. Quero servir por mais uns dez anos, e depois conhecer o mundo. Vou virar um ‘cigano’ — brinca.

O GLOBO

O post De paraquedista do Exército no Rio a ‘xerife’ nos EUA: brasileiro de 56 anos é nomeado em guarda americana apareceu primeiro em Montedo.com.br.