Inclusão dos militares já estava prevista e pode levar a economia de R$ 6 bilhões
Míriam Leitão
A inclusão do Ministério da Defesa nas medidas de corte de gastos já estava previsto desde o começo. Em 17 de outubro, quando antecipei as medidas de ajustes fiscais em estudo pelo governo, já citei as propostas as relacionadas aos militares.
São três medidas que poderiam levar a uma economia de R$ 6 bilhões. Eles estão olhando, por exemplo, a aposentadoria. Foi feita a reforma da Previdência dos civis, e depois dos militares, no entanto, a reforma da aposentadoria dos militares foi praticamente uma contrarreforma, pois houve aumento de vantagens. Foi uma reforma feita pelos próprios militares e avalizada pelo governo Bolsonaro, sem discussão.
A equipe econômica já vinha conversando com o Ministério da Defesa há algum tempo. Eles não haviam sido oficialmente chamados nas discussões sobre o pacote na última semana, mas já foram consultados sobre alguns temas.
Um deles tem a ver com a pensão das filhas de militares. O benefício já ficou mais limitado com decisões tomadas no passado, mas quem estava nas Forças quando isso aconteceu o manteria. Isso significa que uma pessoa jovem, que sequer tinha filhos à época, garantiria pensão a crianças que nascessem no futuro.
Uma das propostas é justamente resolver esse ponto, o que pode levar inclusive a devolução de recursos aos militares que contribuíram para fazer jus ao benefício. É uma forma de colocar de fato um ponto final a esse benefício, que apesar de ser mais restrito ainda continua.
O ministro Fernando Haddad disse ontem, na entrevista rápida que deu na porta do ministério, que está conversando com todos os ministérios, e não acha que isso desidrate as medidas de ajuste. E é importante chamar atenção para essa fala do ministro, quando ele diz que a discussão das últimas semanas não desidrata, mas aperfeiçoa e ainda que é natural na democracia que se converse com todos os setores e que se preste atenção no pedido de cada um. Esse fechamento do pacote está demorado, mas ele atribui isso ao fato de que numa democracia, felizmente, como ele disse, é preciso negociar, conversar e amadurecer.
Continuamos sem saber quando serão divulgadas as medidas, mas esta é uma semana mais curta, tem feriado na sexta-feira, e na próxima semana tem a reunião de cúpula do G20, então há mais três dias possíveis para a divulgação. O que eles vão decidir ainda não se sabe, mas o processo de negociação é sempre mais demorado na democracia. Mas viva a democracia.
Mas o fato é que a demora na divulgação do conjunto de medidas tem piorado as expectativas, se refletido em aumento do dólar o que afeta também a inflação.
O GLOBO
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