Ministro compara o clima de desconfiança das últimas semanas com os ataques do 8 de janeiro
Bela Megale
Antes de sinalizar ao presidente Lula seu desejo de sair do ministério da Defesa, José Múcio Monteiro já vinha se queixando a aliados sobre a nova crise que administrava entre militares e o governo. O ministro chegou a comparar o clima de desconfiança das últimas semanas com o momento mais tenso que viveu desde sua chegada na Esplanada, os ataques golpistas do 8 de janeiro.
O combo de fatores citados por Múcio sobre o retrocesso da relação incluía questões que vão desde a inclusão das Forças Armadas no pacote de corte de gastos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, até situações menores, como o episódio sobre um diretor da Escola Superior de Guerra (ESG), que chamou Lula de “ladrão”, num grupo de WhatsApp, e acabou demitido.
Nas conversas com aliados, Múcio ainda apontou que parte das Forças viu a mudança na aposentadoria dos fardados, com estabelecimento da idade mínima de 55 anos para reserva, como uma espécie de retaliação, devido aos envolvidos na tentativa de golpe de Estado. Além do ex-presidente Jair Bolsonaro, a Polícia Federal indiciou 36 pessoas no inquérito que investigou o caso, sendo 25 milhares e sete generais.
Quando Múcio achou que não tinha como a situação ficar mais tensa, veio o vídeo da Marinha com críticas ao pacote fiscal, que acabou sendo apagado das redes da Força, dada a grande repercussão negativa do material, inclusive com Lula. Como informou a coluna, os militares viram a gravação como a gota d’água para fazer com que o ministro da Defesa pedisse a Lula para deixar a pasta.
A avaliação na Marinha, Aeronáutica e Exército é de que uma eventual saída de Múcio vai levar as relações entre os militares e o governo federal à estaca zero. Eles fazem a leitura de que o ministro da Defesa tem confiança e credibilidade com os dois lados e é visto como o melhor nome para intermediar a relação.
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