Recebi na área de comentários. Nestes tempos de pensamento binário, o texto que vai abaixo é uma ilha de sensatez em um mar de radicalismo
2° Sgt fiel ao propósito
Sou militar de carreira do Exército, estou a caminho de fechar 15 anos na instituição. Passei por muitos perrengues no EB, assim como muitos. Tive muito desejo de sair o quanto antes da instituição. Mas não posso negar que me deu tudo que eu tenho.
Não procurando pensar nos pontos negativos, tento olhar o copo meio cheio e não meio vazio. Não me sinto no direito de falar mal ou de alimentar comentários negativos sobre a caserna, mas compreendo que cada um tem seu modo de ver as coisas e, principalmente, seu modo de externar. Eu apenas coloquei na minha cabeça os meus objetivos de curto, médio e longo prazo.
Pretendo sair. Estou concluindo meu nível superior em uma boa universidade e estudando os conteúdos de forma a preparar-me para concursos e atividades da carreira de engenheiro Mecânico. Sou filho de Sd da Polícia que saiu 3°sgt na reforma. Enquanto eu comecei como 3° sgt.
Desde que entrei ouço muitas reclamações. Algumas plausíveis e outras nem tanto. Acredito que eu e minha família vivemos bem, Graças a Deus. Não significa que eu esteja estagnado ou só deixando os anos se passarem. Minha digníssima esposa é Engenheira formada e trabalha. Isso faz uma diferença muito grande. Sei que muitas esposas de companheiros não tem a mesma sorte, ou por não ter formação ou por não conseguir construir uma carreira com tantas transferências dos maridos.
Em suma, acho que é importante fazer planos e, acima de tudo, tentar fazer acontecer. Sigo lutando. Tento fazer sempre o meu melhor, sempre pensando que o meu salário vem do bolso dos contribuintes e devemos cumprir nossa missão, mesmo que em muitas vezes os civis tentem diminuir nosso trabalho, tentam manchar a instituição e generalizar práticas erradas e indesejadas.
Estaremos sempre no olho do furacão. Estamos sempre com a “bunda na janela” perante a sociedade: sem direito de errar, sem direito de ser um ser humano normal, sem direito de agir de cabeça quente, sem direito a ter direitos, que, hoje, em sua maioria, são taxados como privilégios.
Sabíamos que era pau. viemos, acredito eu que, 90% por que acreditávamos na ideologia, na honra, na garra, na vontade de servir o país em qualquer circunstância. Sei que a gente acaba se deparando com superiores despreparados, assim como existem inúmeros subordinados que são lisos, que não fazem sua parte, tornando o piano mais pesado para alguns, em detrimento de outros.
Mas é importante fazer uma reflexão. Se não era o que eu queria ou esperava, ou se não é mais… tudo bem! não tem problema nenhum se arrepender, querer fazer outra coisa, ganhar mais, se sentir mais valorizado. Isso é normal.
Cabe aos que acreditam que perdeu o sentido em continuar, assim como eu, que se preparem para uma nova batalha, que consigam planejar com bastante cautela os próximos passos rumo à satisfação pessoal.
Os aprendizados da caserna devem ser para sempre lembrados. O que foi positivo, tenta levar e aprimorar na sua nova jornada e o que foi negativo, que seja aprendizado para que não se repita, ou que não se deixe repetir na sua nova jornada.
Meu pai sempre foi um grande espelho pra mim e me ensinou que eu devo ser grato por tudo, ensinou que eu devo sair dos lugares pela mesma porta que entrei. E assim espero que aconteça. Desejo a todos sucesso em suas jornadas: dentro ou fora do EB.
O post A carreira do sargento no Exército: um texto sensato apareceu primeiro em Montedo.com.br.