Entrada de tropas venezuelanas em território brasileiro faz governo cobrar explicações de Maduro

 

Chanceler brasileiro telefonou ao ministro das Relações Exteriores após forças venezuelanas entrarem em território brasileiro por alguns metros
Renata Agostini
Um exercício militar realizado pela Venezuela nesta quarta-feira resultou num incidente na fronteira com o Brasil e levou o governo de Luiz Inácio Lula da Silva a cobrar explicações de Nicolás Maduro.

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O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, telefonou ao chanceler venezuelano com um pedido formal de posicionamento ao país vizinho.

A cobrança ocorreu após a movimentação de armamento alarmar forças brasileiras e moradores de Pacaraima, em Roraima, como mostrou a coluna.

De acordo com integrantes do governo, a Venezuela não fez a devida comunicação sobre a manobra militar. Além disso, por um breve momento houve a entrada de viaturas de forças venezuelanas em território brasileiro, o que foi registrado por moradores da região em vídeo.

Procurados, Palácio do Planalto, Itamaraty e Ministério da Defesa não comentaram.

Segundo uma fonte da diplomacia brasileira, o episódio foi caracterizado como “incidente” e não como “invasão”, já que o caminho percorrido pelos veículos de Maduro foi de somente alguns metros para que fizessem um retorno e voltassem ao território venezuelano.

Adentrar alguns metros num país vizinho não é incomum, por exemplo, em casos de perseguição de suspeitos. O episódio desta quarta-feira, porém, ocorreu durante um exercício militar programado e havia clara sinalização de onde começava o território brasileiro, nota uma integrante do governo Lula.

Para o Itamaraty, foi preciso marcar posição e cobrar explicações de Maduro para que não se criasse um precedente com a Venezuela e com outros países fronteiriços.

Dentro do governo, o incidente está sendo classificado como um descuido, mas também como “exibição” desnecessária por parte dos venezuelanos. Um integrante do alto escalão do governo Lula disse que Maduro estava “fazendo graça” e que não havia qualquer risco ao país.

O Exército brasileiro monitorou a situação ao longo de toda a quarta-feira. Blindados que já estavam na região chegaram a ser deslocados para perto da fronteira. Não houve, porém, a caracterização de “invasão de território” pelas Forças Armadas, o que poderia significar um ato de guerra.
O GLOBO

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