Comandante do Exército ainda não visitou Braga Netto, mas…
Malu Gaspar
O comandante do Exército, general Tomás Paiva, ainda não visitou Walter Braga Netto na prisão, mas a cela do ex-ministro de Jair Bolsonaro na Vila Militar a 1ª Divisão do Exército, no Rio de Janeiro, foi sim inspecionada nesta semana – por um juiz militar.
Braga Netto foi um dos presos que passaram pela inspeção carcerária realizada pelo juiz federal da Justiça Militar Carlos Henrique da Silva Reiniger Ferreira, da 3ª Auditoria da 1ª Circunscrição Judiciária Militar.
A inspeção aconteceu sem nenhuma intercorrência, mas o juiz ainda não entregou seu relatório ao Exército, como de praxe.
De acordo com a colunista Bela Megale, Tomás Paiva pretende visitar Braga Netto na 1ª Divisão de Exército, na Vila Militar, mas a data não foi marcada. A visita, porém, não seria um privilégio, e sim uma agenda regular que o comandante tem com os detentos militares, para verificar suas instalações, as condições de saúde e acesso a advogados.
Por ser general de quatro estrelas, Braga Netto não está em uma cela propriamente dita, mas um cômodo com armário, geladeira, ar-condicionado, televisão e banheiro exclusivo.
Ele foi indiciado no inquérito da trama golpista em novembro passado, e teve a prisão preventiva decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes em dezembro. Moraes considerou que Braga Netto tentou obstruir a Justiça ao tentar ter acesso à delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid.
Tomás Paiva também visitou o coronel e ex-assessor de Bolsonaro Marcelo Câmara quando ele esteve preso. Câmara é outro dos 37 indiciados no inquérito da tentativa de golpe.
O comandante do Exército e Braga Netto não são nem próximos e nem amigos. A investigação da Polícia Federal sobre a trama golpista contra a posse de Lula e os ataques de 8 de janeiro mostrou inclusive que o ex-ministro de Bolsonaro orientava militares golpistas a promover ataques nas redes contra Paiva e outros generais que ele considerada esquerdistas ou comunistas. Entre os bolsonaristas, Paiva e outros quatro generais eram chamados de melancias – verdes por fora, vermelhos por dentro.
O ex-ministro de Bolsonaro é o primeiro general de quatro estrelas a ser preso em um período democrático. Como publicamos no blog na ocasião, o ineditismo provocou uma sinuca de bico, já que o estatuto militar prevê que o oficial preso fique sob custódia de uma unidade chefiada por alguém de patente superior.
Como o ex-ministro de Bolsonaro migrou para a reserva no topo da carreira, a solução seria levá-lo para o Comando Militar do Leste, no Centro do Rio, atualmente sob a chefia do comandante Kleber Nunes de Vasconcellos.
Porém, a unidade sediada no Palácio Duque de Caxias – comandada pelo bolsonarista entre 2016 e 2019 – não dispõe de instalações adequadas para a improvisação de uma cela. A solução foi encaminhá-lo para a 1ª Divisão do Exército. Apesar de ser chefiada por um general hierarquicamente abaixo de Braga Netto, a Força se valeu do argumento de que a unidade está subordinada ao Comando Militar do Leste.
O GLOBO – Edição: Montedo.com
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