Trégua: Israel abandona corredor que divide Gaza

Exército israelita abandonou corredor de Netzarim

O exército israelita concluiu a retirada do eixo de Netzarim, que divide a Faixa de Gaza de norte a sul, anunciou este domingo um responsável do Hamas. Enquanto o frágil cessar-fogo se mantém em Gaza, Israel alarga a ofensiva na Cisjordânia ocupada ao campo de refugiados palestinianos de Nur Shams. Entre os mortos está uma mulher grávida de 23 anos.

“As forças israelitas desmantelaram as suas posições e postos militares e retiraram completamente os seus veículos blindados do corredor Netzarim na estrada Salaheddine — que liga o sul ao norte do território palestiniano — permitindo que os veículos se movam livremente em ambos os sentidos”, disse à AFP um funcionário do Ministério do Interior gerido pelo Hamas.

Um jornalista da AFP no local confirmou que as forças israelitas se tinham retirado do corredor. Entretanto, a rádio militar de Israel também confirmou a retirada.

A retirada das tropas israelitas do eixo de Netzarim era um dos termos do acordo de cessar-fogo. A medida autoriza a livre circulação entre o norte e sul de Gaza, permitindo que os palestinianos deslocados pela guerra regressem às suas casas no norte do enclave, utilizando toda a largura do corredor.

Israel já se tinha retirado parcialmente do Corredor de Netzarim há quase duas semanas, mas manteve algumas posições no lado oriental da estrada (mais próximo do território israelita).

A partir de agora, as forças israelitas só estarão posicionadas no Corredor de Filadélfia (ao longo da fronteira com o Egito) e na “zona tampão” de um quilómetro de largura que separa Gaza de Israel.

Para o Hamas, a retirada completa dos israelitas deste corredor representa uma “continuação do fracasso dos objetivos da guerra de extermínio contra o povo palestiniano”.

Numa declaração este domingo, o Hamas acrescenta que o regresso dos palestinianos deslocados às suas casas e a troca contínua de reféns e prisioneiros refutam a “mentira” do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, sobre ter alcançado uma vitória no enclave.

“Gaza continuará a ser uma terra libertada pelas mãos do seu povo e dos seus combatentes, e proibida aos invasores ocupantes e a qualquer força externa”, sublinha o grupo militar palestiniano.

O corredor de Netzarim transformou-se, nos últimos 15 meses, numa grande base do exército israelita. Com a retirada das tropas de Netanyahu, espera-se que haja uma maior facilidade para a entrada de camiões com ajuda humanitária para o norte da Faixa de Gaza.
Israel alarga ofensiva na Cisjordânia ocupada

Enquanto o frágil cessar-fogo se mantém em Gaza, Israel alarga a ofensiva na Cisjordânia ocupada ao campo de refugiados palestinianos de Nur Shams, na província de Tulkarem, onde abateu várias pessoas.

As forças israelitas anunciaram que as tropas do exército, da guarda fronteiriça e do Shin Bet, a agência de informação interna, mataram “vários terroristas” e detiveram pessoas procuradas na zona, segundo a agência espanhola EFE.

Segundo o Ministério da Saúde palestiniano, uma mulher grávida de 23 anos foi morta pelas forças de segurança israelitas este domingo no campo de refugiados de Nur Shams.

Sundos Jamal Mohammed Shalabi, que estava grávida de oito meses, foi atingida por tiros israelitas, informou o ministério em comunicado, acrescentando que o feto também não sobreviveu e que o marido de Shalabi ficou gravemente ferido.

A agência oficial palestiniana WAFA noticiou que as forças israelitas enviaram maquinaria pesada e `bulldozers` para o campo durante as primeiras horas da manhã, e lançaram vários ataques a casas na zona.

No campo vizinho de Tulkarem, as forças israelitas continuam a invadir casas, muitas das quais estão agora vazias e em ruínas após duas semanas de rusgas, segundo a EFE.

Em 21 de janeiro, Israel lançou uma operação de grande envergadura contra o campo de refugiados de Jenin, um reduto histórico das milícias palestinianas no norte da Cisjordânia ocupada.

A ofensiva foi mais tarde alargada ao campo de Tulkarem e à cidade de Tamun, na província de Tubas.

De acordo com a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês), a Cisjordânia tem 19 campos de refugiados palestinianos, que em 2023 acolhiam mais de 200.000 pessoas. c/agências
RTPNOTÍCIAS – Edição: Montedo.com

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