Ricardo Fan
Na quarta-feira (12/2), após uma ligação telefônica de 90 minutos com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma série de medidas que podem redefinir os rumos da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Trump afirmou que ambos concordaram sobre a necessidade de iniciar negociações para o fim do conflito “imediatamente”. Além disso, os dois líderes planejam encontros em suas respectivas capitais após uma reunião preliminar na Arábia Saudita.
O presidente norte-americano também declarou que a adesão da Ucrânia à OTAN não seria “prática” e reforçou a avaliação de seu secretário de Defesa, Pete Hegseth, de que a Ucrânia dificilmente retomará suas fronteiras anteriores a 2014. No entanto, Trump sugeriu que parte dos territórios ocupados poderia ser devolvida a Kiev.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, também conversou por telefone com Trump e indicou que ambos concordaram em manter contato e planejar futuras reuniões. Entretanto, ainda pairam dúvidas sobre a inclusão da Ucrânia nas negociações diretas entre Trump e Putin.
Reações internacionais e o papel da OTAN
Os ministros da aliança militar OTAN estão reunidos na Bélgica para discutir as novas diretrizes propostas por Trump. Até o momento, Washington não demonstrou intenção de envolver diretamente os aliados europeus nas negociações de paz. Entretanto, o governo dos EUA espera que a Europa assuma a maior parte dos custos da reconstrução da Ucrânia e das garantias de estabilidade na região.
Sete países europeus, incluindo Reino Unido, França e Alemanha, insistiram em participar de qualquer diálogo futuro sobre o destino da Ucrânia. Em uma declaração conjunta, os chanceleres afirmaram que “a Ucrânia e a Europa devem fazer parte de quaisquer negociações” e cobraram garantias concretas para a segurança ucraniana.
Enquanto isso, a posição de Washington tem enfraquecido a unidade da OTAN. Segundo o correspondente da BBC News na cúpula de Bruxelas, Jonathan Beale, “o telefonema entre Trump e Putin deixou a OTAN em segundo plano”. Beale enfatizou que a Casa Branca sinaliza que não financiará mais o apoio militar a Kiev e que a inclusão da Ucrânia na OTAN está fora de questão.
A guerra na Ucrânia e a influência da OTAN
O conflito começou em fevereiro de 2022, quando a Rússia invadiu o leste da Ucrânia sob o argumento de proteger populações russófonas. A Crimeia, anexada por Moscou em 2014, foi o primeiro território tomado, mas desde então o conflito se expandiu, resultando em milhares de mortes e milhões de deslocados.
A OTAN tem sido um pilar essencial no apoio militar à Ucrânia, fornecendo equipamentos e treinamento para as forças de Kiev. Sob a liderança de Joe Biden, os EUA foram protagonistas na imposição de sanções contra Moscou e no fortalecimento das defesas ucranianas. A aliança aumentou significativamente sua presença militar no Leste Europeu e programou exercícios militares estratégicos para 2025.
A política de Trump, no entanto, representa uma guinada. O presidente americano exige que os aliados europeus aumentem seus investimentos na defesa, elevando seus gastos militares para 5% do PIB, e pretende reduzir o financiamento norte-americano para Kiev.
O que esperar das negociações?
O cenário das negociações ainda é incerto. Zelensky tem buscado garantias de segurança tanto da Europa quanto dos EUA e chegou a sugerir uma troca territorial com Moscou, oferecendo áreas na província de Kursk, no território russo. O Kremlin rejeitou a proposta de imediato, afirmando que “a Rússia nunca discutirá a cessão de seu território”.
Enquanto as movimentações diplomáticas seguem em curso, os combates continuam. Na última noite, a Ucrânia denunciou ataques massivos com drones russos em Odessa e Kharkiv, intensificando o clima de tensão.
A ausência da Ucrânia em um possível acordo direto entre Putin e Trump gera preocupações entre os aliados ocidentais. Embora Trump afirme que deseja encerrar a guerra, sua abordagem pragmática e voltada para a redução dos custos dos EUA pode redefinir o equilíbrio de forças na Europa e na OTAN.
O mundo agora aguarda os próximos desdobramentos e o impacto das decisões americanas na estabilidade global.
O post Trump e Putin propõem negociações diretas para encerrar conflito na Ucrânia apareceu primeiro em DefesaNet.