General brasileiro se prepara para assumir tropas enquanto rebeldes avançam no Congo
Luis Kawaguti
Rebeldes do M23, apoiados por tropas de Ruanda, continuam a campanha de invasão do leste da República Democrática do Congo e se aproximam da cidade de Beni. Dez instrutores militares brasileiros, que estavam no local treinando tropas do exército do Congo, foram levados para Uganda, a nação vizinha. Já o general brasileiro Ulisses Mesquita Gomes se dirige para Beni para assumir o comando e reagrupar as tropas da ONU instaladas na região.
Os rebeldes do M23, atualmente denominados Aliança do Rio Congo, iniciaram em janeiro uma série de ações militares para capturar cidades produtoras de minérios, como coltan, usado na produção de eletrônicos, e diamantes. Eles receberam treinamento, armas pesadas e reforços das Forças Armadas de Ruanda. O país lançou uma campanha de anexação de territórios da RD Congo, mas ainda assim nega envolvimento com os rebeldes.
A maior missão de paz da ONU do planeta, a Monusco (Missão das Nações Unidas para a Estabilização da República Democrática do Congo), opera na região que está sendo invadida. Os capacetes azuis tentaram resistir ao avanço rebelde em ao menos duas batalhas, na cidade de Sake, em 24 de janeiro, e depois em Goma, principal cidade do leste do Congo, dois dias depois.
Armadas e preparadas para combater grupos rebeldes e não exércitos regulares de países, as tropas da ONU acabaram não conseguindo impedir as invasões e se retraíram para suas bases, onde assumiram posições de defesa. Ao menos 17 militares da ONU foram mortos nos combates até agora. A ONU luta ao lado das forças armadas do Congo e da SAMIDRC, uma missão de paz da Comunidade de Desenvolvimento dos Países da África Austral.
No domingo (16), a Aliança do Rio Congo capturou a cidade de Bukavu, a sexta a cair nas mãos dos rebeldes e de Ruanda. Não houve resistência das Forças Armadas da DR Congo. Na segunda-feira, as tropas da aliança começaram a marchar para Beni, que fica 550 quilômetros ao norte.
Em Beni estão sediadas a maior parte das tropas da Brigada de Força de Intervenção, a única unidade militar de caráter ofensivo da ONU. Civis e integrantes não essenciais da brigada foram evacuados para Entebe, em Uganda. Os dez militares brasileiros estavam no local como instrutores de guerra na selva da brigada e não tinham autorização para entrar em combate contra Ruanda e os rebeldes. O trabalho deles era treinar militares locais.
O general Ulisses Mesquita Gomes foi nomeado comandante geral das forças da ONU no país logo após a invasão de Goma. Ele deve chegar a Beni antes da força de ataque principal da Aliança do Rio Congo. Uma vez no terreno, ele vai assumir o comando da Brigada de Força de Intervenção e decidir uma estratégia para lidar com a chegada das forças invasoras.
Em entrevista à Gazeta do Povo após assumir o cargo, ele disse que usaria diplomacia militar, mas não descartava entrar em combate com os rebeldes. Ainda não está claro quais são as ordens dadas a ele em relação à proteção da cidade de Beni.
Outros dois militares brasileiros se encontram na cidade de Goma, que está sob domínio dos rebeldes desde 26 de janeiro.
GAZETA DO POVO – Edição: Montedo.com
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