Estima-se que cerca de 5.000 homens de Cuba estejam lutando ao lado do exército russo
Na linha de frente do conflito entre Rússia e Ucrânia, um fenômeno inesperado tem chamado a atenção: a presença de centenas de combatentes cubanos ao lado das forças russas.
Por que os cubanos lutam na guerra?
A precariedade econômica em Cuba ajuda a explicar a motivação de muitos desses combatentes. O salário mensal oferecido pela Rússia a estrangeiros alistados gira em torno de US$ 2.000, um valor considerável para cubanos que enfrentam uma crise econômica severa.
Apesar de Havana não ter manifestado apoio formal à invasão da Ucrânia, há sinais de alinhamento com Moscou. Em 2024, Cuba recebeu mais de 1,8 milhão de barris de produtos petrolíferos russos, suprindo uma necessidade crítica da ilha em meio a apagões e escassez de alimentos. Além disso, declarações oficiais de autoridades cubanas na ONU demonstraram apoio à retórica russa sobre o conflito.
Desde que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, chegou ao poder, Moscou e Havana começaram a reconstruir uma sólida relação diplomática.
Putin visitou Cuba em 2001, enquanto Raúl Castro, então presidente de Cuba, viajou para Moscou em 2009.
Em 2014, a Rússia concordou em perdoar parte da dívida que Cuba tinha com a União Soviética, um marco que levou a um crescimento dos investimentos russos na ilha e dos laços comerciais e militares.
Como descobriram os soldados de Cuba?
Diferente de outros contingentes estrangeiros, os cubanos recrutados para a guerra deixam rastros visíveis nas redes sociais. Postagens no VKontakte, a principal rede social russa, ajudaram investigadores a identificar centenas de combatentes, localizar centros de treinamento e mapear suas movimentações. Uma dessas unidades é a 106ª Divisão Aerotransportada, que participou da batalha de Bakhmut em 2023, uma das mais sangrentas do conflito.
Além das evidências digitais, um vazamento de documentos revelou, ainda em 2023, o nome de 200 cubanos alistados no exército russo. Esses registros, obtidos pela Cyber Resistance, um grupo de hackers ucranianos, indicam que os combatentes foram inicialmente enviados para Tula, ao sul de Moscou. Desde então, mais nomes surgiram em investigações conduzidas por jornalistas da imprensa ucraniana.
O que dizem os soldados capturados?
Muitos dos cubanos capturados pelo exército ucraniano alegam ter sido enganados por promessas de emprego antes de ingressarem no campo de batalha.
Um dos combatentes cubanos, Frank Dario Jarrosay Manfuga, de 36 anos, foi capturado pelas forças ucranianas em março de 2024. Em entrevista à unidade investigativa do Radio Free Europe / Radio Liberty (RFE/RL), Manfuga afirmou nunca ter tido a intenção de participar da guerra. Segundo ele, a promessa de um trabalho na construção civil o levou à Rússia, onde foi alistado nas forças armadas do país.
As acusações de aliciamento enganoso por parte do governo russo não foram comprovadas, mas indícios apontam para uma rede ampla de recrutamento estrangeiro montada pelo Kremlin.
De acordo com Orlando Gutierrez-Boronat, cofundador da ONG Cuban Democratic Directorate, sediada nos Estados Unidos, estima-se que cerca de 5.000 soldados cubanos estejam lutando pela Rússia. “Essa rede não poderia funcionar sem a aprovação do regime cubano”, afirmou Orlando ao RFE/RL.
R7 – Edição: Montedo.com
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