Generais argumentaram junto a Cid que ele estava “exposto” e “expondo demais” a Força
Bela Megale
Durante o governo de Jair Bolsonaro, generais do Alto Comando do Exército alertaram o então ajudante de ordens da Presidência, Mauro Cid, de que ele deveria deixar o posto.
Militares de alta patente relataram à coluna que conversaram com o tenente-coronel em diferentes ocasiões e também com seu pai, o general da reserva Mauro Lourena Cid, que, naquele período, chefiava o escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), em Miami.
Nos diálogos, esses generais argumentaram junto a Cid que ele estava “exposto” e “expondo demais” a Força, ao aparecer, sempre fardado, ao lado do então presidente. Era latente na caserna a relação de proximidade que Bolsonaro conservava com Cid. Além de cuidar de todos os assuntos pessoais do então presidente, Cid era o principal meio de acesso ao capitão, pois era ele quem cuidava de sua agenda.
Membros do Alto Comando argumentavam que Cid teve as melhores notas e conceitos nas turmas de formação militar, e que, ao sair da ajudância de ordens, poderia comandar alguma tropa ou ocupar um posto no exterior. Mesmo assim, ele não atendeu aos apelos.
A pessoas próximas, o tenente-coronel confirmou que foi alertado por generais de que deveria deixar de ser auxiliar de Bolsonaro, mas pontuou que não caberia a ele “desistir da missão” que o próprio Exército tinha lhe designado. Cid disse a interlocutores que, assim como a Força o designou para ser o ajudante de ordens da Presidência, caberia a ela lhe tirar do cargo.
Hoje, com a delação premiada do ex-ajudante de ordens e o avanço da investigação sobre o golpe, é consenso na cúpula militar que Cid foi longe demais e errou, ao não atender aos apelos do Alto Comando.
Áudios revelados pelo “Fantástico” neste domingo reforçaram o já conhecido papel de Cid de levar a Bolsonaro estímulos para que colocasse em prática o plano de golpe que o então presidente discutia com aliados e auxiliares. Cid ainda fala sobre os esforços para tentar questionar a credibilidade do resultado eleitoral e invalidar a vitória de Lula.
O GLOBO – Edição: Montedo.com
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