Trump, o Brasil e o Sistema Internacional

Nelson Düring
Editor-Chefe DefesaNet
27 Fevereiro 2025

Donald Trump surpreendeu o mundo ao implodir o sistema internacional criado após a vitória dos aliados na Segunda Guerra Mundial. Pior, ele está acabando com todas as alianças criadas para vencer o nazifascismo e depois conter o avanço da União Soviética e o comunismo internacional. Alianças essas que serviram para a proteção do território americano e asseguraram que os EUA se tornassem a nação mais poderosa econômica e militarmente do Século XX.

O presidente americano colocou a Ucrânia e a Europa de joelhos, não para cobrar lealdade, mas para uma execução sumária. Trump praticamente abandonou a Europa a sua própria sorte, entregando o Velho Continente para a Rússia (?).

Em troca de proteção, os EUA pressionam a Ucrânia a entregar suas terras raras, algo que mais parece uma política colonialista dos séculos passados. Uma medida inimaginável nos dias de hoje.

Os Estados Unidos, nação dos Pais Fundadores, farol moral do mundo e dos ideais de liberdade e democracia não existe mais.

O iminente ataque aos cartéis mexicanos, que se concretizar, será uma violação a soberania do México, ignora o problema da droga, que só está no mercado consumidor americano por causa da grande demanda interna. Metade da droga consumida no mundo vai para os EUA, e os cartéis fazem o refino e a logística. Eles só existem porque há um gigantesco mercado consumidor além do Rio Grande. Se essa droga entra nas bem protegidas fronteiras americanas, é porque alguém deixa entrar. Os EUA vão atacar as áreas de plantio de coca na América do Sul?

Trump quer expandir suas fronteiras, fazer a América Grande Novamente, não no sentido moral, mas imperialista. Ele vai querer anexar o Canadá e a Groenlândia.

Sua aliança com a Rússia de Putin vai empurrar a China para a Guerra. Ela vai invadir Taiwan como uma demonstração de força. Uma super potência acuada parte para o ataque.

Ao receber autorização para caças furtivos F-35, a Índia já teria concordado em deixar os BRICS, e a Rússia também.

Trump quer remodelar a geografia e a economia do mundo. Mas para fazer a América Grande Novamente, ele vai ameaçar a 3a Guerra Mundial, ou começar ela. Todos os sinais estão aí.

Esse jogo arriscado de Trump vai fazer que muitos países desenvolvam suas armas nucleares.

E o Brasil?

Dada a importância geopolítica e a grandeza do nosso território, temos as Forças Armadas mais fracas do hemisfério sul.

Não é somente falta de recursos. E uma burocracia exagerada que atrapalha e inviabiliza os processos de aquisição. Se reclama da falta de dinheiro( mas quando o orçamento aparece não se compra por excesso de burocracia.

É falta de planejamento e excesso de projetos. A falta de objetividade na construção de capacidades militares esgota os recursos. Nem sempre é problema de orçamento. O que fazemos quando sobra dinheiro? Compramos mais Guarani. Para que? Não precisamos de outros veículos? Para que comprar rádios Harris todos os anos ou ficar pagando encomenda de Guarani do ano seguinte? Já não temos o suficiente? Nada disso é capacidade militar. Precisamos investir em sistemas de armas.

A política externa brasileira é uma tragedia ou uma comédia, difícil dar uma definição. Não temos pensamento estratégico, não sabermos o que queremos ser como nação e qual é a nossa posição no concerto das nações.
O Brasil, infelizmente não tem destino manifesto. Nosso pensamento estratégico é viver um dia após o outro, e onde a maré nos levar.

De Bolsonaro a Lula, nossa política externa quase não mudou, a única excessão é a relação com Israel e o Irã.

Viramos nossas costas para a Europa, nos entregamos para a China e viramos propagandistas russos. Além disso, colocamos Brasília como um dos maiores hubs da espionagem internacional.

Putin havia abandonado Bolsonaro e agora abandonou Lula. Na política internacional o Brasil está a deriva. Ninguém confia nos Brasil, e agora estamos sozinhos. O que vamos fazer? Nos isolar e construir nossas capacidades de defesa e fortalecer nossa economia?

Declarar fidelidade aos impérios do norte? Como vamos nos preparar para o desafios que se aproximam?

Como uma reflexão, vemos dois países que possuem valiosas reservas de terras raras sob ataque: Ucrânia e República Democrática do Congo. Não seria o momento do Brasil começar a preparar suas defesas?

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