Na paz ou na guerra: a dupla missão dos Fuzileiros Navais

Versatilidade e prontidão são fundamentais para ações de combate e apoio humanitário

Por Capitão-Tenente (T) Ohana

Com 217 anos de história, a serem completados na próxima sexta-feira (7), o Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) segue reafirmando que sua prontidão é tão vital na paz quanto na guerra. No  mês de fevereiro, por exemplo, foi ativado o Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais em Cooperação à Defesa Civil. A cerimônia, realizada no Comando da Força de Fuzileiros da Esquadra (ComFFE), em Duque de Caxias (RJ), mobilizou cerca de 300 militares e 50 viaturas, destacando a capacidade expedicionária que define os Fuzileiros Navais (FN) há mais de dois séculos. Esta é a terceira turma só neste ano.

O Grupamento foi criado em 2011 para atuar em situações de desastres naturais, com ênfase em emergências causadas por deslizamentos de terra, a fim de contribuir para a mitigação de impactos humanitários e logísticos.

Capacidade expedicionária

O CFN é uma força estratégica por excelência, de caráter expedicionário, de pronto emprego e projeção de poder. É o elemento anfíbio da Marinha do Brasil (MB), com habilidade para agir de forma rápida, eficiente e autossuficiente em qualquer região do Brasil e do mundo, no mar, em terra e no ar, mesmo em locais distantes e sem depender de bases próximas.

Os Fuzileiros Navais passam por treinamentos rigorosos ao longo de toda sua carreira, sendo qualificados para operar em diferentes cenários e com equipamentos de guerra, como blindados anfíbios e viaturas especializadas. Suas capacidades expedicionárias incluem instalar e operar hospitais de campanha, desobstruir vias, resgatar e transportar pessoas, além de distribuir gêneros de primeira necessidade. Após o acionamento, os militares estão prontos para agir em até 24 horas, oferecendo, portanto, uma resposta veloz e flexível às populações atingidas, integrando meios navais, terrestres e aéreos.

Atuações recentes

Em 2024, o Grupamento trabalhou por mais de 50 dias ininterruptos no Rio Grande do Sul (RS), prestando auxílio às comunidades afetadas pelas fortes chuvas e enchentes, especialmente nas cidades de Guaíba, Eldorado do Sul e na região das ilhas de Porto Alegre. No período, foram resgatados mais de 600 pessoas e 110 animais em localidades isoladas.

Além disso, os Fuzileiros realizaram o tratamento de 263 mil litros de água; e desobstruíram mais de  4.200 metros cúbicos de escombros das vias, garantindo a mobilidade e o acesso às áreas atingidas. O Grupamento ainda colaborou com a distribuição de 812 toneladas de donativos para aqueles que mais precisavam e somaram esforços para restaurar a normalidade na região ao contribuírem na limpeza e manutenção de escolas públicas que haviam sido danificadas.

Os militares do CFN também responderam imediatamente ao intenso temporal que deixou oito mortos e devastou cidades na Baixada Fluminense e no Sul Fluminense, no estado do Rio de Janeiro, em fevereiro de 2024. Cerca de 300 militares e mais de 50 viaturas foram mobilizados para ações de desobstrução de vias, resgate de pessoas ilhadas, transporte de alimentos e materiais e distribuição de água potável.

A atuação do Grupamento reflete a eficiência em resposta a desastres e a solidariedade e o apoio à sociedade brasileira em momentos de crise, além de reforçar a vocação expedicionária do CFN, que combina treinamento militar com ação humanitária em prol dos cidadãos.

Treinamentos

Para manter sua capacidade expedicionária, os Fuzileiros Navais realizam exercícios anuais que simulam uma ampla gama de cenários. O maior exercício militar do Planalto Central é considerado uma das mais complexas entre as manobras militares, a Operação “Formosa”, reuniu cerca de 3 mil militares da Marinha, do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira. O último exercício, ocorrido entre os dias 4 e 17 de setembro de 2024, simulou uma operação anfíbia, destacando a importância da atuação conjunta das três Forças.

Durante a operação, todo o armamento utilizado foi de munição real, evidenciando o profissionalismo e o realismo do treinamento, que visa aprimorar a interoperabilidade e a integração entre os diferentes ramos das Forças Armadas. Esta foi a primeira vez que as Soldados Fuzileiros Navais participaram do treinamento.

Outro grande exercício é a Operação “Furnas”. Em outubro do ano passado, mais de 1.000 Fuzileiros Navais executaram, no Lago de Furnas, uma das maiores represas fluviais do mundo, banhando 34 municípios, em Minas Gerais, ações relacionadas às Operações Ribeirinhas, de Paz, Ribeirinhas e de Apoio à Defesa Civil, utilizando helicópteros e embarcações.

Em dezembro de 2024, a Ilha da Marambaia, no Rio de Janeiro (RJ), foi escolhida para ser o cenário fictício, onde tensões políticas e econômicas em um país geravam uma insegurança local de moradia e permanência e as tropas da MB desembarcavam para retomada do território e, consequentemente, o restabelecimento da paz.

O destaque dessa missão foi a manobra de operação anfíbia, tática utilizada para estabelecer a presença militar em áreas costeiras e facilitar a progressão em direção ao interior, ou seja, são desenvolvidas atividades a partir do mar rumo à terra firme. Isso demonstra a integração das capacidades navais e terrestres da MB.

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Para ser Fuzileiro Naval, o ingresso pode ser tanto como Soldado e Sargento Músico, integrando as graduações de Praça da MB; quanto como Oficiais, compondo o Quadro Complementar de FN e por meio da Escola Naval, onde no terceiro ano letivo, o Aspirante pode fazer a opção pelo Corpo de Fuzileiros Navais.

Fonte: Agência Marinha de Notícias

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