Fuzileiros Navais: na paz ou na guerra

Para o Brasil, possuidor de 7.500 km de litoral, a importância de tais operações e ações para o monitoramento do ambiente e proteção dos recursos é evidente

Marcos Sampaio Olsen *
O 7 de março celebra o Dia dos Fuzileiros Navais, tropa de elite da Marinha do Brasil (MB), há 217 anos, presente e em permanente prontidão orientada à defesa dos interesses do Estado. No último ano, no enfrentamento à tragédia que atingiu o Rio Grande do Sul, os fuzileiros navais, outra vez, tiveram atuação marcante. Desembarcaram a partir do mar, terra e ar. O emprego de carros anfíbios permitiu progredir até locais remotos e duramente atingidos, em socorro à população. Estiveram também no combate aos incêndios no Pantanal, na segurança nas terras indígenas Yanomami, no desabamento da ponte Juscelino Kubitscheck, na divisa entre os estados do Maranhão e Tocantins, nas operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) nos portos e nas águas do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná e na 19ª reunião de cúpula do G-20.

Essas ações foram realizadas para cuidar da população, sem descuidar da missão precípua de defesa da pátria. Força estratégica, de pronto emprego e de caráter anfíbio e expedicionário, organiza tropa exclusivamente profissional do país. O treinamento instigante tem atraído atenção cada vez maior no ambiente internacional. No ano passado, os principais exercícios, em Formosa e Furnas, receberam tropas e observadores de 17 países, incluindo Estados Unidos e China.

Nas operações de paz, a Organização das Nações Unidas (ONU) renovou a certificação nível 3 (mais alto de prontidão operacional) da Força de Emprego Rápido de Fuzileiros Navais, permanecendo, desde 2022, como primeira e única do país a alcançar tal reconhecimento. O Centro de Operações de Paz e Humanitárias de Caráter Naval (COpPazNav) tornou-se referência mundial, ao reunir o número singular de 52 participantes estrangeiros, de 37 países distintos, em um único curso.

O ano de 2024 foi ainda de grande êxito na integração das mulheres. Foram formadas as duas primeiras turmas, superando as expectativas no rigoroso treinamento. São 231 mulheres combatentes fuzileiros navais de provadas aptidão e competência. Com isso, as mulheres integram os corpos e quadros da Marinha do Brasil, sem exceção.

Os reptos a serem enfrentados pelos Combatentes Anfíbios de hoje não são menores que os de sempre. A segurança internacional se vê sob grave risco. Os países têm aumentado significativamente os gastos militares, buscando dotar as Forças Armadas condizentes com o grau da ameaça. No Brasil, a baixa percepção de ameaça associada a uma acanhada mentalidade de defesa implica desafios consideráveis na busca contínua por obter e manter capacidades compatíveis com a estatura política estratégica do país.

Objetivando o requerido preparo e emprego para responder convenientemente às suas atribuições legais, atento a um alto grau de autonomia tecnológica, o Corpo de Fuzileiros Navais passa por importante processo de reestruturação. A Estratégia Nacional de Defesa (END) 2024, atualmente em apreciação pelo Congresso Nacional, dá particular ênfase para a atuação dos fuzileiros navais em operações anfíbias e ribeirinhas e ações no litoral e de proteção.

Para o Brasil, possuidor de 7.500 km de litoral, a importância de tais operações e ações para o monitoramento do ambiente e proteção dos recursos é evidente. Assim, o processo de transformação, iniciado este ano, deu origem a cinco Batalhões de Operações Litorâneas (Rio de Janeiro, Salvador, Natal, Santos e Rio Grande), que contribuirão para fortalecer a atuação da Marinha na defesa da soberania e da segurança marítima.

Além disso, releva destacar que a parceria com a indústria nacional permitiu o primeiro lançamento, a partir de terra, do míssil antinavio nacional (Mansup), o mesmo que equipará as fragatas Classe Tamandaré. A flexibilidade de lançamento, a partir do mar ou de terra, desse moderno armamento, de fabricação nacional, incrementará sensivelmente a capacidade dissuasória da Marinha. A Marinha do Brasil ao referenciar a história e as conquistas do Corpo de Fuzileiros Navais, reafirma seu compromisso em mantê-los prontos, na paz ou na guerra. Adsumus! (Aqui estamos!).
*Almirante de Esquadra, comandante da Marinha do Brasil
CORREIO BRAZILIENSE – Edição: Montedo.com

O post Fuzileiros Navais: na paz ou na guerra apareceu primeiro em Montedo.com.br.