Verônica Sterman foi advogada da presidente do PT e do ex-ministro Paulo Bernardo, preso em 2016 em operação desdobrada da Lava Jato
Bruna Aragão
A advogada Verônica Sterman, indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) neste sábado (8.mar.2025) ao cargo de ministra do STM (Superior Tribunal Militar), foi a defensora do ex-ministro das Comunicações e do Planejamento, Paulo Bernardo, e da presidente do Partido dos Trabalhadores, indicada à ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT-PR), em casos relacionados à Lava Jato.
Paulo Bernardo foi preso preventivamente em 23 de junho de 2016, na Operação Custo Brasil, um desdobramento da 18ª fase da Operação Lava Jato. As investigações da polícia indicaram um esquema de corrupção que teria desviado R$ 100 milhões para funcionários públicos e políticos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão entre 2010 e 2015.
O ex-ministro esteve no comando da pasta até 2011, durante o governo Lula. De 2011 a 2015, assumiu a pasta das Comunicações durante o governo de Dilma Rousseff (PT).
Na época, a advogada declarou que a prisão foi “ilegal” e pediu a sua revogação. O ministro Dias Toffoli disse que houve “constrangimento ilegal” e concedeu habeas corpus ao ex-marido de Gleisi em 29 de junho de 2016.
A advogada assina ainda a defesa de Gleisi Hoffmann quanto a um indiciamento da PF (Polícia Federal) que apontou um desvio de R$ 1 milhão para a sua campanha eleitoral ao Senado em 2010 (íntegra – PDF KB). Seu ex-marido, Paulo Bernardo, também foi indiciado.
Posteriormente, ambos foram denunciados pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge. A denúncia se baseou em depoimentos de 3 delatores: o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, o operador financeiro Alberto Youssef e o advogado Antonio Carlos Pieruccini.
Nos documentos relacionados à denúncia, os advogados Juliano Breda e Veronica Sterman falaram por Paulo Bernardo, enquanto Rodrigo Mudrovitsch defendeu Gleisi Hoffmann.
Os advogados exploraram as mudanças de versões e contradições dos delatores para tentar desqualificar as acusações. A 2ª Turma do STF absolveu ambos em junho de 2018.
Verônica também é apontada como a advogada do ex-ministro em mais casos relacionados à Lava Jato. Aparece como a defesa de Paulo no inquérito em que foi denunciado por suposta prática de crimes contra a administração pública, especialmente a Petrobras (íntegra – PDF – KB).
No inquérito, a PGR ofereceu denúncia contra outras 8 pessoas, entre elas Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Gleisi Hoffmann. A investigação foi arquivada por Edson Fachin em 2019 por falta de provas.
ENTENDA O JULGAMENTO DE GLEISI E PAULO
Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo foram investigados em inquéritos autorizados pelo STF no âmbito da Operação Lava Jato. Em março de 2016, a Polícia Federal indiciou Gleisi Hoffmann e seu então marido Paulo Bernardo, por corrupção passiva pelos R$ 1 milhão em propina proveniente de contratos da Petrobras.
Os valores viriam do esquema instalado na Diretoria de Abastecimento da Petrobras, na época comandada por Paulo Roberto Costa. Em maio do mesmo ano, foram denunciados pelo MPF (Ministério Público Federal).
Em setembro de 2016, a 2ª Turma do STF aceitou a denúncia, tornando Gleisi e Paulo Bernardo réus na operação Lava Jato. Contudo, em junho de 2018, ambos foram absolvidos pelo colegiado, que considerou não haver provas suficientes para condená-los.
No julgamento, o subprocurador-geral da República Carlos Vilhena falou pelo MPF. Para ele, Gleisi, enquanto congressista e líder do PT, devia ter “estancado a sangria que ocorria na Petrobras”. Sobre Paulo Bernardo, Vilhena destacou a influência que o ex-ministro exercia sobre a Petrobras quando era ministro do Planejamento.
PODER 360 – Edição: Montedo.com
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