Ricardo Fan – DefesaNet
A Índia e a França finalizaram as negociações para a aquisição de 26 caças Rafale M, em um acordo estimado em US$ 7,6 bilhões, com assinatura oficial prevista para abril de 2025, durante a visita do ministro da Defesa francês ao país. Esta aquisição, analisada sob a perspectiva editorial do Defesanet, não apenas eleva a capacidade operacional da Marinha Indiana, mas também redefine o equilíbrio de poder no Indo-Pacífico e na Ásia, trazendo implicações estratégicas significativas para a região.
Modernização e Projeção de Poder da Marinha Indiana
A chegada dos Rafale M marca a substituição dos obsoletos MiG-29K e MiG-29KUB, operados pelos esquadrões INAS 29 “White Tigers” e INAS 303 “Black Panthers”. Esses caças, embarcados nos porta-aviões INS Vikrant e INS Vikramaditya, ampliam a capacidade de projeção de poder da Marinha Indiana no Oceano Índico, uma área crítica para o comércio global e a segurança energética. A superioridade tecnológica do Rafale M, com sistemas avançados de sensores e armamentos, garante maior letalidade e flexibilidade em operações navais, consolidando a posição da Índia como uma força estabilizadora no Indo-Pacífico.
Configuração da Aquisição e Operacionalidade
O pacote negociado inclui 22 caças Rafale M, otimizados para operações embarcadas, e 4 unidades Rafale B, versão de dois assentos destinada ao treinamento em terra. Embora os Rafale B não sejam adequados para porta-aviões, sua inclusão assegura a capacitação eficiente de pilotos, preservando os caças embarcados para missões operacionais. Essa estratégia reflete o pragmatismo indiano em maximizar recursos e preparar suas forças para os desafios futuros.
Impactos na Região Indo-Pacífico e na Ásia
Sob a ótica do Defesanet, a aquisição dos Rafale M posiciona a Índia como um contrapeso direto à crescente assertividade militar da China na Ásia. A expansão da Marinha do Exército de Libertação Popular (PLAN), com porta-aviões como o Shandong e o Fujian, tem elevado as tensões regionais, especialmente no Mar do Sul da China e nas rotas estratégicas do Oceano Índico. A resposta indiana, com tecnologia francesa de ponta, não só fortalece sua dissuasão naval, mas também sinaliza uma postura proativa contra a hegemonia chinesa.
Na Ásia, países como Japão, Austrália e os membros da ASEAN observam com interesse esse movimento. A modernização da aviação embarcada indiana reforça a arquitetura de segurança coletiva do Indo-Pacífico, alinhando-se aos interesses de potências ocidentais e regionais que buscam conter a influência de Pequim. Além disso, a parceria com a França pode inspirar outras nações asiáticas a buscar cooperações semelhantes, ampliando a presença de tecnologias ocidentais na região.

Fortalecimento da Parceria Índia-França
A aquisição solidifica os laços estratégicos entre Nova Déli e Paris, um eixo que transcende a mera compra de equipamentos. Para o Defesanet, essa aliança tem potencial para evoluir em programas conjuntos de desenvolvimento de sistemas de defesa, beneficiando a indústria indiana e francesa. A escolha do Rafale M também reflete a confiança da Índia em fornecedores ocidentais, diversificando sua base tecnológica tradicionalmente ligada à Rússia.
A incorporação dos Rafale M é um marco na modernização militar indiana e um recado claro às potências asiáticas: a Índia está determinada a proteger seus interesses no Indo-Pacífico. A parceria com a França não só eleva sua capacidade operacional, mas também projeta Nova Déli como um ator central na segurança regional, influenciando o equilíbrio de forças na Ásia e além.
O Rafale M e Suas Diferenças Técnicas
O Rafale M é a variante naval do caça multifuncional desenvolvido pela Dassault Aviation. Equipado com motor Snecma M88-2 (75 kN de empuxo), radar AESA RBE2, sistema de guerra eletrônica SPECTRA e capacidade de operar mísseis como o Meteor e o SCALP, o Rafale M é otimizado para missões de superioridade aérea, ataque ao solo e reconhecimento. Diferentemente das versões Rafale C (monoposto terrestre) e Rafale B (biposto terrestre), o Rafale M possui reforços estruturais no trem de pouso e um gancho de parada para operações em porta-aviões, além de compatibilidade com catapultas e cabos de arresto. Sua autonomia de aproximadamente 1.850 km (expansível com tanques externos) e carga útil de até 9,5 toneladas o tornam uma plataforma versátil e letal, adaptada às exigências das operações navais indianas.
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