Comandante do Exército sob Bolsonaro e ex-integrantes o Alto Comando defendem general acusado de golpe

Generais que foram do Alto Comando na gestão Lula defendem acusado de golpe

Mateus Coutinho
Do UOL, em Brasília
Dois integrantes do alto comando do Exército durante o terceiro mandato do governo Lula fizeram por escrito depoimentos em defesa do general da reserva Estevam Theophilo, denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) por tentativa de golpe para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder em 2022.

O que aconteceu
Defesa de Theophilo juntou depoimentos de generais ao apresentar resposta à denúncia da PGR ontem. São quatro generais que ocuparam alguns dos postos de mais alta patente do Exército brasileiro: os ex-comandantes Freire Gomes e Julio Cesar Arruda, além do ex-chefe do Estado Maior do Exército Fernando José Sant’Ana e do ex-secretário de Finanças do Exército Sérgio Negraes.

Os dois últimos integraram o Alto Comando do Exército até ano passado. Sant’Ana deixou o posto em abril e Negraes entregou o cargo em setembro. Os dois foram para a reserva. Theophilo também estava no Alto Comando até novembro de 2023, já no governo Lula, quando foi para a reserva.

Generais exaltam qualidades “morais” e “profissionalismo” de colega denunciado. Dos quatro generais, três afirmaram nunca terem visto Theophilo defender práticas ou ideias golpistas. O general Freire Gomes, que depôs à PF na investigação sobre golpe, foi mais genérico e disse que o perfil e histórico de Theophilo são “irretocáveis” e comprometidos com os valores “inalienáveis da instituição e do país”.

Alto Comando é composto pelos militares de mais alta patente da Força e decide os rumos do Exército. O comandante da Força também faz parte do grupo. Dos ex-comandantes que saíram em defesa de Theophilo, apenas o general Arruda chegou a atuar no começo do governo Lula.

Ele assumiu o posto em dezembro de 2022, mas foi demitido em janeiro de 2023 em meio à desconfiança do governo com os militares. Naquele ano a Praça dos Três Poderes foi depredada por manifestantes que estavam acampados em frente ao QG do Exército, em Brasília.

Denúncia da PGR aponta que Theophilo sinalizou apoio a Bolsonaro caso ele assinasse minuta golpista. Militar se encontrou com Bolsonaro no Palácio da Alvorada em 9 de dezembro daquele ano. Para a PGR, apoio seria estratégico uma vez que os integrantes das forças especiais do Exército, que chegaram a monitorar Moraes, estavam subordinados ao Comando de Operações Terrestres, na época chefiado por Theophilo.

Theophilo nega acusações e critica investigação. Militar aponta em sua defesa que delator Mauro Cid teria mudado versão sobre ele e afirma que delegado da PF responsável pela investigação teria alegado possuir um vídeo da reunião de Theophilo com Bolsonaro, que nunca foi apresentado.

O que disseram os generais em defesa de Theophilo
Quanto às suposições que pesam sobre ele, não identifiquei qualquer atitude em apoio a ato golpista ou que atentasse contra o Estado Democrático de Direito.
Sérgio da Costa Negraes, ex-secretário de Economia da Força no governo Lula, atualmente na reserva

Nunca presenciei nenhuma apologia a quebra da institucionalidade democrática proferida por esse ilibado militar.
Fernando José Sant’Ana Soares e Silva, ex-chefe do Estado-Maior do Exército no governo Lula, atualmente na reserva

No período em que eu estive no Alto Comando do Exército (2019 a 2022), bem como no período em que estive como Comandante do Exército (jan. 2023) não presenciei nenhuma atitude de indisciplina ou de subversão às normas que regem o Exército brasileiro por parte do Gen Theophilo. Também não presenciei qualquer atitude sua que pudesse levar à ruptura da normalidade democrática vigente no Brasil.
Júlio Cesar de Arruda, ex-comandante do Exército brasileiro

Seu assessoramento a este então comandante foi basicamente em aspectos relacionados com as atividades da caserna, abstendo-se de aspectos políticos ou assemelhados (…) atesto minha total confiança na lealdade e disciplina do Gen Theophilo, cujo perfil e histórico militares são irretocáveis e comprometidos com os valores inalienáveis da Instituição e do país.
Marco Antônio Freire Gomes, comandante do Exército durante o governo Bolsonaro

UOL – Edição: Montedo.com

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