A convicção da cúpula militar sobre o motivo de Braga Netto abraçar a tentativa de golpe
Bela Megale
A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta Walter Braga Netto como a liderança da tentativa de golpe de Estado com Jair Bolsonaro. Integrantes da cúpula militar têm convicção de que a principal motivação do general para se envolver no plano de ruptura democrática não foi ideológica, mas sim pragmática.
É consenso entre membros do Alto Comando que Braga Netto não queria deixar de fazer parte do núcleo duro do poder e “voltar para planície”. Entre os integrantes da cúpula das Forças Armadas não há dúvidas de que o general da reserva agiu para evitar a posse de Lula e promover a ruptura institucional.
Integrantes de alta patente chegaram a atuar nos bastidores para defender generais, como Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, mas lavaram as mãos sobre Braga Netto. A justificativa é que foi o general que, antes de qualquer mobilização, abandonou a Força, ao determinar o ataque a seus pares que se recusavam a aderir ao plano golpista.
Desde o governo Bolsonaro, o comportamento subserviente que o general adotou em relação ao então presidente, quando se tornou seu ministro, causou incômodo e decepção em parte do Alto Comando. Braga Netto se tornou o nome de maior confiança de Bolsonaro que, mesmo sem o general ter o poder de atrair votos, o escolheu como candidato ao seu posto de vice.
Preso desde dezembro por obstrução de Justiça no âmbito da investigação do golpe, o militar apresentou, na última sexta-feira (7), a sua defesa ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Na peça, os advogados afirmam que a peça do Ministério Público é um “filme ruim e sem sentido” e criticam o acordo de delação premiada firmado pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Braga Netto foi denunciado pela PGR pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, ameaça contra patrimônio, deterioração de patrimônio tombado e participação em organização criminosa. As penas máximas somadas podem chegar a mais de 40 anos de prisão.
O GLOBO
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