Pela primeira vez em sua história, a Suécia está prestes a dar um passo significativo em sua integração às operações da OTAN. Conforme anunciado pelas Forças Armadas Suecas, caças JAS 39 Gripen serão enviados à Polônia para participar da missão Enhanced Air Policing (Policiamento Aéreo Aprimorado) da Aliança Atlântica.
A operação, que ocorrerá entre abril e maio de 2025, marca a estreia das aeronaves suecas em uma missão de patrulhamento aéreo fora de seu território nacional, destacando o crescente alinhamento de Estocolmo com as prioridades de defesa coletiva do bloco.
Até oito caças Gripen, acompanhados de pilotos e equipes técnicas, serão baseados em uma instalação aérea polonesa ainda não especificada. A missão tem como objetivo vigiar o espaço aéreo na zona de observação norte da OTAN, sob o comando do Centro de Operações Aéreas Conjuntas em Uedem, Alemanha.
A presença sueca não apenas reforça a capacidade operacional da Aliança, mas também envia uma mensagem clara de dissuasão em um momento de tensões persistentes na Europa Oriental.
Um marco para a Suécia e a OTAN
A participação da Suécia na Enhanced Air Policing reflete uma evolução notável em sua postura de segurança. Historicamente neutra, a nação escandinava intensificou sua cooperação com a OTAN nos últimos anos, especialmente após a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014 — evento que motivou a criação da missão de policiamento aéreo reforçado.
A decisão de enviar os Gripen, um dos caças mais avançados do mundo, equipados com sensores de última geração e capacidade de operação em cenários complexos, demonstra o comprometimento sueco com a segurança coletiva em um contexto de crescente assertividade russa na região do Báltico e além.
Para a OTAN, a integração dos Gripen representa um ganho operacional significativo. A aeronave, conhecida por sua versatilidade e baixo custo de manutenção, complementará os esforços de aliados como Polônia e Alemanha na proteção do flanco leste da Aliança.
Além disso, a presença sueca pode aliviar a pressão sobre outras nações que têm contribuído com aeronaves para a missão desde seu início, há mais de uma década.
Contexto estratégico: apoio à Ucrânia
A missão vai além do policiamento aéreo tradicional. Paralelamente, a Suécia propôs que suas forças também atuem na proteção de um centro logístico no sudeste da Polônia, essencial para o fluxo de assistência militar e civil à Ucrânia. Esse hub, localizado próximo à fronteira ucraniana, tem sido um ponto nevrálgico na rede de suporte ao esforço de guerra de Kiev contra a invasão russa.
A iniciativa sueca sugere uma abordagem mais ampla de Estocolmo, que busca não apenas cumprir obrigações com a OTAN, mas também desempenhar um papel ativo na estabilização da região.
A escolha da Polônia como base para os Gripen e como foco de apoio logístico não é casual. Varsóvia tem se consolidado como um dos pilares da resistência ocidental às ações russas, tanto por sua proximidade geográfica com o conflito quanto por sua postura firme dentro da OTAN.
A presença sueca, portanto, reforça essa frente estratégica, ampliando a capacidade de resposta rápida a qualquer escalada de ameaças.
Implicações e desafios

Embora a missão seja um marco positivo, ela não está isenta de desafios. Para a Suécia, operar fora de suas fronteiras exige uma coordenação logística impecável, algo que suas forças armadas, apesar de altamente qualificadas, têm pouca experiência em escala semelhante.
A manutenção dos Gripen em território estrangeiro dependerá da eficiência do pessoal técnico destacado, enquanto os pilotos terão de se adaptar às dinâmicas operacionais da OTAN, que diferem das rotinas domésticas.
Do ponto de vista geopolítico, a decisão também pode provocar reações de Moscou. A Rússia, que já vê a expansão da OTAN como uma ameaça existencial, provavelmente interpretará a presença sueca na Polônia como mais um sinal de cerco. Isso poderia resultar em uma intensificação de atividades militares russas próximas às fronteiras da Aliança, exigindo vigilância redobrada.
Um novo capítulo na defesa europeia
A estreia dos JAS 39 Gripen na Enhanced Air Policing é mais do que uma operação tática — é um símbolo da transformação em curso no equilíbrio de poder na Europa. Ao unir forças com a OTAN em um momento crítico, a Suécia não apenas fortalece a dissuasão coletiva contra potenciais agressores, mas também solidifica sua transição de uma postura de neutralidade para um papel ativo na segurança continental.
Para a Polônia e a Ucrânia, a presença sueca é um reforço bem-vindo em tempos de incerteza. Resta agora observar como essa missão histórica moldará o futuro da defesa europeia e as relações com o vizinho russo.
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