DECEA desenvolve conceito inovador no controle de tráfego aéreo

Projeto para a operacionalização do Performance-Based Communication and Surveillance (PBCS) na FIR Atlântico será implementado até 2026

Agência Força Aérea – Tenente Fernandes

O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) segue buscando maior segurança, eficiência e fluidez do espaço aéreo, a partir de critérios rigorosos de comunicação e vigilância.

Nos últimos anos, antes da pandemia do COVID-19, constatou-se um crescimento contínuo significativo no número de movimentos aéreos no Atlântico Sul (SAT), especialmente nas rotas que ligam a América do Sul à Europa (EUR/SAM). Este cenário levou ao estabelecimento do Grupo de Gerenciamento de Implementação de Melhorias do Atlântico Sul (SAT-IMG), durante a 24ª Reunião para Melhorias dos Serviços de Tráfego Aéreo sobre o Atlântico Sul (SAT/24) da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), realizada em junho de 2019. Neste evento foi decidida a implementação do PBCS (Performance-Based Communication and Surveillance) na área do Atlântico Sul, com o Brasil tendo firmado compromisso pela sua concretização.

O PBCS é um conceito aplicado no controle de tráfego aéreo que se baseia na utilização criteriosa de tecnologias de comunicação e vigilância por enlace de dados, e possibilita menores separações entre as aeronaves em espaços aéreos remotos. O projeto para operacionalização do PBCS na Região de Informação de Voo (FIR) Atlântico, integrante do Programa SIRIUS Brasil, será implementado até 2026.

A FIR Atlântico cobre uma vasta área sobre o Oceano Atlântico, incluindo o corredor EUR/SAM e a Área de Rotas Aleatórias RNAV do Oceano Atlântico (AORRA), duas regiões cruciais para o tráfego aéreo entre Europa e América do Sul.

“Nesse contexto, o PBCS surge como solução inovadora para superar as limitações de cobertura radar e VHF em espaço aéreo remoto e, assim, aumentar sua capacidade baseando-se nas performances data link da CPDLC e do ADS-C, já implementados pelo DECEA na FIR Atlântico. A implementação desse conceito exige a manutenção da qualidade do data link, esforços de desenvolvimento e atualização tecnológica para o sistema ATC (SAGITARIO), de capacitação de recursos humanos, atualizações doutrinárias operacionais, assim como do estabelecimento de paradigmas totalmente novos no SISCEAB relacionados à aquisição, avaliação e compartilhamento nacional e global de informações entre provedores de serviços de navegação aérea (ANSPs), reguladores e companhias aéreas.”, avaliou o Chefe da Subdivisão de Planejamento de Comunicações, Navegação e Vigilância e Inspeção em Voo do DECEA, e também gerente do projeto, Major Marcelo Mello Fagundes.

A implementação do PBCS oferecerá uma série de benefícios significativos para os operadores aéreos, dentre eles, a economia de combustível e redução das emissões de gases poluentes.

Para ser elegível aos benefícios advindos do gerenciamento do tráfego aéreo sob o conceito PBCS, as aeronaves precisarão estar equipadas com as tecnologias embarcadas de comunicações e vigilância data link devidamente certificadas para o atendimento dos respectivos parâmetros de performance específicos requeridos, RCP e RSP.

Considerando-se a significativa redução dos mínimos de separações horizontais e a necessidade de uma transição gradual para o novo cenário de separações reduzidas, a implementação do conceito PBCS na FIR Atlântico ocorrerá em duas fases. Na primeira, a separação longitudinal por tempo será de 5 minutos, mantendo-se a lateral em 50 NM (milhas náuticas). Na segunda fase, será implementada a separação longitudinal de 30 NM e a lateral de 23 NM entre os pares de aeronaves elegíveis.

“O PBCS, além de trazer benefícios imediatos para o tráfego aéreo, garantindo que a FIR Atlântico continue, com segurança, desempenhando um papel estratégico no transporte aéreo global, também é componente-chave na visão de futuro do DECEA.”, complementou o gerente.

O PRENOR da Norma do Conceito de Operações do PBCS na FIR-AO está disponível, até o próximo dia 11 de abril, através deste link. O sistema tem o objetivo de coletar sugestões da comunidade aeronáutica, antecipadas à publicação de novas normas do DECEA, as quais se encontram em fase final de elaboração, conforme a CIRCEA 63-12.

Fotos: DECEA

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