Alvo de IPM, coronel do Exército acusa Alto Comando de oportunismo

Declaração está em arquivo que embasou abertura do Inquérito Policial Militar contra Rubens Pierrotti Jr. por entrevistas com críticas à corporação

O coronel da reserva Rubens Pierrotti Jr., atualmente alvo de um Inquérito Policial Militar (IPM), afirmou em entrevistas recentes que o Alto Comando do Exército agiu de forma oportunista diante da tentativa de golpe de Estado em 2022. Segundo ele, os generais não ofereceram apoio direto à trama, mas também não se posicionaram de maneira firme contra as articulações golpistas.

As declarações constam em um relatório enviado pelo subchefe do Estado-Maior do Comando Militar do Leste, general Carlos Alberto do Rego Barros, ao chefe do Estado-Maior da 1ª Região Militar, general Vicente de Paulo Mattos Júnior. O documento reúne manifestações públicas feitas por Pierrotti em diferentes entrevistas.

O coronel foi intimado a prestar esclarecimentos sobre falas proferidas em entrevistas ao canal de YouTube Tramonta News, conduzido pelo jornalista Carlos Tramontina, e à rádio 98.7 FM, a Pop Rio.

Em uma dessas entrevistas, concedida em 28 de novembro de 2024, Pierrotti classificou a postura dos militares em relação ao episódio como dividida entre três grupos: os golpistas, os legalistas e os oportunistas. Segundo ele, os oportunistas “não davam apoio, mas também não se contrapuseram”. Ele estimou que “entre 80% e 90% dos oficiais do Exército” apoiavam a tentativa de golpe, ainda que parte deles o fizesse de maneira velada. “Tem militar que dá a cara a tapa e tem militar que só espera. É oportunista”, disse.

Pierrotti criticou diretamente a atuação do Alto Comando: “Enxergo a atitude do Alto Comando do Exército como oportunista, muito mais do que legalista”.

O coronel também teceu duras críticas ao Superior Tribunal Militar (STM). Ele apontou que, mesmo com uma carga de trabalho muito inferior à do Supremo Tribunal Federal (STF), o STM conta com mais ministros — 15 contra 11. “É uma Justiça cara, com pouca produtividade. Em tempos de paz, corte marcial não se justifica”, afirmou.

Ele ainda ressaltou que cerca de 80% dos membros da Justiça Militar de primeira instância não têm formação em Direito, chamando isso de “absurdo”. Para Pierrotti, o STM representa “o sonho dos generais quatro estrelas que viram ministros sem nem formação jurídica”.

Em nota oficial, o Centro de Comunicação Social do Exército confirmou que foi instaurado um IPM para apurar se houve crime militar por parte do coronel da reserva nas declarações públicas feitas nas entrevistas.
FOLHA – Edição: Montedo.com

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