Professores consultados pelo EXTRA explicam o que é preciso saber para mandar bem nas provas e até se é possível se preparar para mais de um exame simultaneamente

Caroline Nunes
Rio de Janeiro – As Forças Armadas tem diversas oportunidades para quem tem o desejo de seguir a carreira militar. Há 2.322 vagas em diferentes níveis de escolaridade — fundamental, médio e superior — em concursos autorizados ou em andamentos.

Diante de tantas opções, professores de cursos preparatórios ouvidos pelo EXTRA explicam o que é preciso saber para mandar bem nas provas e até como se preparar para mais de um concurso ao mesmo tempo.

Nível fundamental
A Marinha está com inscrições abertas até 29 de abril para o concurso do Colégio Naval, que oferece 153 vagas para o Curso de Preparação de Aspirantes em 2026. As provas abrangem matemática, inglês, estudos sociais, ciências, português e redação. Fábio Ribeiro, coordenador da Rede ZeroHum, destaca que é um dos concursos mais disputados do país e exige bastante dos candidatos:

— É um concurso que costuma exigir muito dos alunos, que ainda jovens precisam ter maturidade para encarar dois dias de prova — diz.

Ribeiro também explica que as disciplinas de matemática e inglês valem 2,5 pontos, enquanto as demais valem 2 pontos. Ele recomenda focar em interpretação de texto, operações básicas, história e geografia do Brasil, e noções de ciência.

Thiago Nicol, professor do Degrau Cultural, destaca que o nível da prova de matemática é considerado “extremamente difícil”:

— O nível da prova de matemática é considerado extremante difícil, principalmente na parte de geometria plana, com tópicos que geralmente não costumam ser abordados na escola.

Nível médio
A Força Aérea Brasileira está com inscrições abertas até 28 de abril para o concurso de admissão aos cursos de formação de oficiais aviadores, intendentes e de infantaria, que conta com 50 vagas para ambos os sexos. A seleção inclui provas de múltipla escolha em Português, Inglês, Física e Matemática, além de uma redação sobre tema atual.

Outra oportunidade de nível médio é o concurso do Exército, que está com inscrições abertas, para 1.125 vagas para admissão na Escola de Sargentos das Armas (ESA) em 2026. As provas objetivas trarão questões de Língua Portuguesa, Matemática, História e Geografia do Brasil, Inglês, e Redação. Além disso, haverá o Exame de Habilitação Musical para candidatos da área de Música, convocados conforme sua classificação.

Há ainda o concurso da Escola Preparatória de Cadetes (EsPCEx), que oferece 440 vagas, com processo seletivo que inclui provas de Português, Matemática, Física, Química, Geografia, História, Inglês e Redação.

O professor Rodrigo Vieira, Diretor do Curso Dedicação, explica que embora sejam de nível médio, o grau de dificuldade das provas são diferentes. A AFA, por exemplo, costuma exigir mais que as outras duas provas, diz. No entanto, estudando para este concurso, também se prepara para a Escola Naval.

— A EsPCEx tem conteúdo programático bem semelhante ao da ESA. Porém, o nível da EsPCEx é mais alto (mais difícil). Logo, uma boa preparação para a EsPCEx ajuda bastante no concurso da ESA. É possível estudar para estes dois concomitantemente. O aluno que se prepara para a EsPCEx, prepara bem para a ESA e necessita elevar um pouco o nível para a AFA.

Diego Ribeiro, coordenador de carreiras militares do Gran Concursos, avalia que apesar de ser desafiador, é possível se preparar para as três provas:

— Estudar simultaneamente para os concursos de Oficiais Aviadores da AFA, Escola de Sargentos das Armas e Escola Preparatória de Cadetes do Exército é desafiador, mas possível, devido à sobreposição de disciplinas cobradas. Todos exigem conhecimentos em português, matemática e inglês. A AFA inclui física, enquanto a ESA adiciona história e geografia. A EsPCEx, por sua vez, abrange física, química, geografia e história.

Vieira explica ainda que as provas são de múltipla escolha e bibliográficas, ou seja, “as bancas seguem o conteúdo programático previsto no edital e a bibliografia citada”

— Para uma boa preparação é essencial duas coisas: resolver, pelo menos, as últimas 5 provas anteriores e conhecer bem a bibliografia do concurso (ler o edital).

Nível superior
A Escola de Formação Complementar do Exército oferece 270 vagas para 2026, distribuídas entre o Quadro Complementar, Capelães Militares e Serviço de Saúde. O concurso inclui provas de conhecimentos, teste físico e outras etapas de seleção. Fábio Ribeiro, coordenador da Rede ZeroHum diz que o nível de dificuldade da prova é alta além de ser marcada por grande concorrência.

— Exige domínio da área, boa escrita e conhecimentos básicos sobre História e Geografia do Brasil, duas disciplinas essenciais e que são comuns a todos os cargos de áreas não médicas, assim como Língua Portuguesa. A prova tem um nível de dificuldade alta e também é marcada por forte concorrência em decorrência do número pequeno de vagas — Fábio Ribeiro, coordenador da Rede ZeroHum.

Já a Marinha tem concurso aberto para 174 vagas para oficiais de carreira. As oportunidades estão distribuídas em seis editais nas áreas de Medicina, Odontologia, Saúde, Apoio à Saúde, Técnica, Engenharia e Capelania. A primeira etapa é constituída por uma Prova Escrita Objetiva de Conhecimentos Profissionais e Redação. Os candidatos às vagas de Direito e Engenharia participarão ainda de uma segunda fase, na qual será aplicada uma Prova Discursiva de Conhecimentos Profissionais.

— Este concurso é altamente técnico, foca no conteúdo da formação dos candidatos. Destaque para prova de títulos, que é a mais decisiva entre os concursos aqui citados. A Marinha, nesse concurso, valoriza não só a formação acadêmica mas também a experiência dos candidatos — comenta Ribeiro.

Concurso do ITA
Recentemente autorizado, o concurso do ITA não acontece com muita frequência. O certame oferecerá 110 vagas para níveis médio e superior, distribuídas entre cargos de pesquisador, técnico I, tecnologista e professor do magistério superior. Embora os detalhes específicos ainda não tenham sido divulgados, espera-se que as disciplinas cobradas estejam alinhadas com as exigências técnicas e acadêmicas dos respectivos cargos.

— Embora os detalhes específicos ainda não tenham sido divulgados, espera-se que as disciplinas cobradas estejam alinhadas com as exigências técnicas e acadêmicas dos respectivos cargos — diz Ribeiro, do Gran Concursos.

Por ser um dos concursos mais difíceis do país, Vieira, do Curso Dedicação, diz que é preciso dedicação durante a preparação:

— A preparação requer uma dedicação maior que nos demais, pois, além da prova objetiva na primeira fase, o candidato precisa estar apto a fazer uma prova discursiva na segunda fase, que requer a produção de conhecimento escrito. O concurso costuma cobrar: matemática, física, química, português e inglês.
Extra – Edição: Montedo.com

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