Indiciado, autor de livro que denuncia corrupção no Exército vai depor à corporação
Rodrigo Castro
O coronel da reserva Rubens Pierrotti Jr., autor do romance de autoficção “Diários da Caserna: Dossiê Smart — a história que o Exército quer riscar”, foi intimado a depor na próxima terça-feira por entrevistas em que critica a corporação.
O escritor foi indiciado no âmbito de um inquérito policial militar que apura declarações dadas ao canal de YouTube Tramonta News e à rádio 98.7 FM (Pop Rio). Nelas, Pierroti fala sobre as denúncias de corrupção reveladas em sua obra, acusando figuras como Hamilton Mourão.
Um primeiro depoimento havia sido marcado para o início de abril, mas foi adiado depois que o autor, que também é advogado, apontou falha no procedimento. Alegou que o encarregado do inquérito, coronel Alan Martins Gomes, não havia lhe dado acesso aos autos.
A defesa foi entregue pessoalmente por Pierroti, que havia sido advertido de que eventual falta poderia configurar crime de desobediência. O escritor rebateu e argumentou que o STF proibiu a condução coercitiva de investigados e que portanto o não comparecimento não seria crime.
Seu romance é baseado em uma história real, com o relato ficcional de fatos vividos pelo autor nos tempos da caserna, por meio de seu alter ego Battaglia. A trama começa quando a equipe de jornalismo investigativo do jornal espanhol El País entra em contato com Battaglia, um militar já aposentado, a respeito de um dossiê de 1,3 mil páginas recebido pelo BrasiLeaks, uma plataforma de denúncias anônimas.
O dossiê relatava improbidades administrativas e crimes que teriam sido cometidos por generais e oficiais de alta patente do Exército Brasileiro na contratação de uma empresa espanhola da indústria de Defesa para desenvolver um equipamento de treinamento, o simulador militar de artilharia Smart.
Lauro Jardim (O GLOBO) – Edição: Montedo.com
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