Guarda Suíça: conheça o Exército que protege o papa há mais de 500 anos

No período em que não há um papa definido, após uma morte ou renúncia, guarda é incumbida de proteger o Colégio de Cardeais do conclave quando a Igreja entra no período conhecido como Sé Vacante

Diego Pavão da CNN/Wikipédia
O papa Francisco morreu na última segunda-feira (21), e foi sepultado no Vaticano neste sábado (26), após 12 anos de pontificado.

Além de liderar a Igreja Católica, o papa é o chefe de Estado de uma nação: o Vaticano, o menor país do mundo em extensão territorial. Cercada pela cidade de Roma, a Santa Sé teve a soberania estabelecida em 1929 no chamado Tratado de Latrão, entre o papa Pio XI e o então líder italiano Benito Mussolini.

Guarda suíça marchando no Vaticano – Wikipédia

Como praticamente todos os países do mundo, o Vaticano tem uma força armada, mas que leva o nome de outro país. É a chamada Guarda Suíça, que protege o papa e as residências oficiais do pontífice há mais de cinco séculos.

No período em que não há um papa definido, após uma morte ou renúncia, a Guarda Suíça é incumbida de proteger o Colégio de Cardeais do conclave quando a Igreja entra no período conhecido como Sé Vacante.

Para além desde momento, o grupo é responsável por fazer a segurança pessoal do papa, incluindo em viagens ao exterior.

Os guardas são facilmente reconhecidos pelos seus coloridos uniformes renascentistas usados em ocasiões cerimoniais. As cores azul, vermelho e amarela foram pensadas por Jules Répond, comandante da guarda entre 1910 e 1921.

Combatentes defenderam o papa
Apesar de o Vaticano ter sido instituído há menos de cem anos, a Guarda Suíça começou a proteger o líder da Igreja Católica em 1506 por ordem do papa Júlio II. Na época, mercenários suíços foram os escolhidos, mas não por acaso. Eles serviram outras nações europeias durante conflitos e revoltas e, aos poucos, ganharam a reputação de serem corajosos e até invencíveis em países como a Itália, a Espanha e a França.

Um contingente de 150 homens foi designado, inicialmente, para proteger o pontífice. Em poucos anos, eles ganharam o título oficial de “Guardiões da liberdade da Igreja”.

Em de 6 de maio de 1527, o grupo passou por um dos maiores testes da sua existência: o Saque de Roma. Tropas rebeldes do imperador do Sacro Império Romano-Germânico, Carlos V, invadiram a cidade em um ataque contra o papado.

Dezenas de homens da Guarda Suíça morreram, mas os sobreviventes foram cruciais para que o então papa, Clemente VII, escapasse para o Castelo de Sant’Angelo, em Roma. Apesar da fuga, o papado perdeu a batalha para o imperador, que enviou um contingente militar que superava o número de guardas suíços. Mesmo assim, os soldados do papa ficaram conhecidos, mais uma vez, por demonstrarem coragem e autossacrifício em nome do pontífice, já que mais de 100 acabaram morrendo em combate.

Até hoje, a data do início do Saque, 6 de maio, é lembrada pela Guarda Suíça, que homenageia os combatentes mortos naquele dia em uma cerimônia no Vaticano. É também neste dia em que novos integrantes prestam juramento e passam a fazer parte oficialmente da Guarda.

Guarda suíça em cerimônia no Vaticano – Wikipédia

Requisitos 
Para integrar a Guarda Suíça, há requisitos específicos:

  • Os recrutas devem ser homens solteiros
  • Devem ser católicos romanos
  • Devem possuir cidadania suíça
  • Devem ter idade entre 19 e 30 anos
  • Devem ter altura mínima de 1,74 metros
  • Devem ter diploma profissional ou de ensino médio
  • Devem ter concluído treinamento básico no exército da Suíça

A Guarda Suíça também exige “boa saúde” para aceitar um novo integrante, mas não dá detalhes sobre o que isso significa. Além disso, o candidato deve se comprometer com 26 meses de serviço militar e possuir uma carta de motorista de uma categoria específica.

Já em relação aos comandantes do alto escalão, historicamente, são escolhidas pessoas de origem nobre.

Por se tratar de um corpo militar de elite, o processo de admissão é considerado altamente competitivo. Ao serem aceitos, todos os novos membros devem jurar lealdade ao papa com a seguinte frase:

“Eu juro servir fiel, leal e honoravelmente o Sumo Pontífice e seus legítimos sucessores e dedicar-me a eles com todas as minhas forças. Assumo este mesmo compromisso com relação ao Sagrado Colégio de Cardeais sempre que a Sé Apostólica estiver vacante. Além disso, prometo ao Capitão Comandante e aos meus outros superiores respeito, fidelidade e obediência. Juro observar tudo o que a honra de minha posição exige de mim.” Juramento da Guarda Suíça

O juramento acontece anualmente em um pátio dentro do Vaticano.

Soldo e celibato
Os guardas assinam um contrato de dois anos e obtêm um soldo mensal de 1200 euros (equivalente a 7.700 reais).

São celibatários (exceto os oficiais, sargentos e cabos) e é-lhes formalmente interdito dormir fora do Vaticano. O seu alojamento é a caserna da guarda.

A vida quotidiana é preenchida também com celebrações litúrgicas. A guarda dispõe de uma capela onde oficia o capelão do exército pontifício.

Hierarquia

Oficiais comissionados

  • Oberst (Coronel – o comandante da Guarda)
  • Oberstleutnant (tenente-coronel – vice-comandante)
  • Kaplan (Capelão – Considerado o mesmo posto de tenente-coronel)
  • Major
  • Dois Hauptmanns (capitães)
  • Três Leutnants (Tenentes)

Suboficiais

  • Feldwebel (sargento-major)
  • Wachtmeister (sargento)
  • Korporal (Cabo)
  • Vizekorporal (Vice-cabo)

Recrutas

  • Hellebardier/Gardist (Halabardeiro/Guarda)

CNN BRASIL/Wikipédia – Edição: Montedo.com

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