Oito das dez ocupações que o setor mais contrata têm escassez de mão de obra
Giovana Kebian
São Paulo – A Abras (Associação Brasileira de Supermercados) deve lançar, no fim de maio, uma plataforma para conectar egressos do Exército a oportunidades de emprego nos supermercados. A iniciativa tenta suprir a falta de mão de obra do setor e contribuir com a entrada de jovens no mercado de trabalho.
São 357 mil vagas abertas em todo país, mas as redes enfrentam dificuldades em encontrar trabalhadores. Segundo a associação do setor, os jovens têm buscado jornadas mais flexíveis e salários mais altos, o que dificulta a contratação.
“O desafio está principalmente no salário de entrada, que muitos consideram baixo, mas não levam em conta os direitos assegurados pela carteira assinada e os demais benefícios”, afirma o vice-presidente da Abras, Márcio Milan.
A plataforma da Abras vai reunir informações sobre as empresas com postos abertos, as faixas salariais e os planos de carreira.
A associação também quer ampliar encontros com os jovens durante o cumprimento do serviço militar obrigatório para tirar dúvidas sobre a carreira no setor e tentar recrutá-los ao final do período no Exército.
“Essas reuniões estavam sendo feitas quando os recrutas já estavam saindo [do Exército]. Acho que dificultou um pouco as contratações porque às vezes eles já tinham outros planos programados”, explica Milan.
No final do ano passado, a Abras iniciou o projeto-piloto dessa parceria, promovendo encontros entre os comandos e os supermercados do Grupo Pereira. Agora, a rede está recrutando novos funcionários e já recebeu inscrições de egressos do Exército.
“Tivemos uma excelente recepção, mostrando que no varejo também tem possibilidade de crescer”, afirmou o diretor de Recursos Humanos do Grupo Pereira, Paulo Nogueira.
A rede também tem outros programas, mais antigos, focados na contratação de pessoas acima de 50 anos, refugiados e pessoas do sistema penal.
A associação do setor de supermercados dialoga com o Ministério da Defesa para tentar ampliar a iniciativa para a Marinha e a Aeronáutica.
No Rio, uma parceria entre o Corpo de Fuzileiros Navais e a Asserj (Associação dos Supermercados do Estado do Rio de Janeiro) qualifica egressos da Marinha e oferece vagas nas redes de supermercados. Segundo a associação, mais de 500 pessoas já foram recolocadas no mercado de trabalho por meio dessa parceria, que começou no final do ano passado.
Busca pela informalidade
Apesar dos direitos trabalhistas, muitos jovens têm recorrido a profissões ligadas à informalidade porque não querem lidar com as restrições de horário, como é o caso de trabalhadores de plataformas como Uber, 99 e iFood.
“A pessoa hoje briga muito para poder não ter horário. E o comércio, em especial, é duro nos horários, trabalha sábado e muitas vezes domingo”, afirmou o ministro Márcio França, do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, em evento da UGT (União Geral dos Trabalhadores), realizado em abril na capital paulista.
De acordo com a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), oito das dez posições que os supermercados mais contratam têm escassez de mão de obra: operador de caixa, padeiro, açougueiro, embalador, repositor de mercadorias, atendente de loja, vendedor e auxiliar de serviços de alimentação. Leia mais.
FOLHA – Edição: Montedo.com
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