Putin demite chefe das forças terrestres da Rússia, no posto desde 2014

Oleg Salyukov comandou parte do desfile militar do Dia da Vitória, na semana passada; decisão ocorre antes de conversas entre russos e ucranianos na Turquia

O Globo e agências internacionais
Moscou – O presidente da Rússia, Vladimir Putin, demitiu o general Oleg Salyukov do posto de chefe das forças terrestres do Exército, uma função que exercia desde 2014. O militar vai assumir um cargo no Conselho de Segurança do país. O anúncio foi feito pouco antes do início da primeira rodada de negociações entre russos e ucranianos desde março de 2022, na Turquia.

Em um decreto sucinto, o Kremlin anuncia a nomeação de “Oleg Leonidovich Salyukov como Secretário Adjunto do Conselho de Segurança da Federação Russa, retirando-o de seu cargo atual”. Como de hábito, não foram dadas explicações sobre a movimentação.

Salyukov, de 69 anos, serviu em Kiev ainda nos tempos da União Soviética, e assumiu posições ligadas à presença russa no Oriente Médio e foi indicado, na década passada, como vice-comandante do Estado-Maior General das Forças Armadas. Desde 2014, ele é o comandante das forças terrestres russas, supervisionando operações na Síria e, mais recentemente, na guerra na Ucrânia.

Na semana passada, o militar participou do desfile militar em homenagem aos 80 anos da vitória sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial, na Praça Vermelha, um dos mais importantes — senão o principal — eventos para o Kremlin no ano. Como secretário adjunto do Conselho de Segurança, ele deve trabalhar com o ex-ministro da Defesa, Sergei Shoigu.

O Kremlin não indicou quem será o novo comandante, mas canais militares russos no Telegram apontam para o nome do general Andrei Mordvichev, que liderava as tropas do Distrito Central do Exército.

De acordo com a Inteligência militar da Ucrânia (SBU), Mordvichev comandou o cerco à cidade de Mariupol, posteriormente ocupada pela Rússia, e a ofensiva contra o complexo siderúrgico de Azovstal, um dos símbolos da resistência ucraniana no início do conflito. Ele foi acusado pela Justiça ucraniana de três crimes, incluindo “travar uma guerra agressiva”.

Não há indicações se a troca no comando das tropas levará a alguma mudança na estratégia russa no campo de batalha: a um ritmo lento e a um elevado custo humano, as forças de Moscou avançam pelo território ucraniano, enquanto diplomatas e burocratas tentam ao menos dar início a um processo para o fim do conflito.

Na sexta-feira, representantes da Rússia e da Ucrânia se encontrarão diretamente pela primeira vez desde março de 2022, mas sem a participação de Vladimir Putin, como esperava o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky. Antes do início das conversas, os dois lados expressavam baixas expectativas sobre um acordo ou sobre um cessar-fogo mais prolongado, como desejam Kiev, a União Europeia e os EUA.
O GLOBO – Edição: Montedo.com

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