General da ativa e coronel da reserva escapam de denúncia por trama golpista

 

Quem são os dois militares liberados da denúncia por trama golpista

Luccas Lucena e Victoria Bechara
Do UOL, em São Paulo
O general da ativa Nilton Diniz Rodrigues e o coronel da reserva Cleverson Ney Magalhães e  foram os únicos denunciados pela trama golpista que não viraram réus até agora. A Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) aceitou por unanimidade as acusações formais contra 31 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O que aconteceu
Ministro Alexandre de Moraes disse que a denúncia não comprova de “maneira satisfatória” a participação na trama golpista. Rodrigues assessorava o ex-comandante do Exército Freire Gomes, e Magalhães auxiliava o general Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira. Ambos foram acusados de agir para influenciar o alto comando do Exército a aderir ao golpe.

Não havia “respaldo” contra Magalhães e Rodrigues nas provas, segundo Moraes. “Não se verifica aqui nos autos indícios mínimos da ocorrência do ilícito criminal em relação a ambos.”

Magalhães foi citado em reunião de Mauro Cid sobre trama golpista, segundo denúncia da PGR. Em novembro de 2022, em conversa com o tenente-coronel Correa Neto, Cid perguntou se “o do Estevão vai estar?”, em referência ao general Estevam Theophilo. Perguntado sobre quem seria, Correa respondeu que se tratava de “Cleverson”.

Coronel respondia a Cals, que seria importante para implementação do plano do golpe. Segundo a denúncia da PGR, o comandante “gozava de prestígio assinalado no Exército”.

Reunião na casa de Cid foi “encontro de amigos”, alegou defesa. O advogado Luiz Mário Felix de Moraes Guerra, representante do coronel da reserva do Exército, disse que o militar participou, em 28 de novembro de 2022, de um encontro entre amigos na casa do coronel Mauro Cid, com cerca de 15 pessoas, e não de uma reunião de cunho político contra um governo legitimamente eleito.

Rodrigues era próximo de Freire Gomes e seria importante para influenciar o então comandante do Exército, disse a denúncia. “A necessidade do apoio de Rodrigues se justificava exatamente por sua proximidade com o Comandante do Exército, que notoriamente repelia ações intervencionistas.”

General estava em missão no exterior entre agosto de 2020 e novembro de 2022, período das articulações da trama golpista, segundo a defesa. O advogado Cleber Lopes de Oliveira, responsável pela defesa do general, questionou se um homem que estaria apoiando golpe de Estado teria sido promovido a general e argumentou que, em mais de 300 páginas, a denúncia só cita o militar em duas, sem especificar quais ações ele teria feito.

Decisão do STF corresponde à denúncia por não haver “indícios mínimos” contra Rodrigues, afirma defesa. “A decisão tomada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, na data de hoje, 20 de maio, no sentido de rejeitar, de forma unânime, a denúncia contra o General de Brigada Nilton Diniz, corresponde precisamente ao que consta dos autos, no sentido de que não há indícios mínimos contra ele, exatamente como mostrou a defesa, em peça escrita e hoje na tribuna. Dia de festejar o Direito e a Justiça”, disse o advogado Cleber Lopes.

Magalhães é formado pela Academia Militar das Agulhas Negras, em 1993, e mestrado em Ciências Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, em 2001. Pelo Exército, ele foi coronel, tenente-coronel e major. Atualmente, ele faz parte da reserva.

O salário bruto de Magalhães, segundo o Portal da Transparência, é de R$ 29.200. Em fevereiro deste ano, ele recebeu R$ 83,7 mil líquidos após o pagamento de “outras remunerações eventuais” de R$ 64.765,93.

Rodrigues se especializou em Ciências Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, em 1993, e pela Escola de Comando e Estado Maior do Exército/Instituto Meira Mattos, em 2013. Pelo Exército, ele foi coronel, tenente-coronel e major. Atualmente, ele é general de brigada.

Como general, Rodrigues tem uma remuneração de R$ 32.552 mensais. Ele ingressou no serviço público em fevereiro de 1990.
UOL – Edição: Montedo.com

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