O silêncio de cada lado sobre ministros do STF

 

Entenda quem silencia sobre o quê

Felipe Moura Brasil
É mentira (ou, pelo menos, meia-verdade e imprecisão) que “a mídia silencia” sobre elos familiares entre escritórios de advocacia e ministros do STF e do STJ.

Os ativistas que dizem isso foram informados sobre o tema pela própria imprensa, por apuração de jornalistas e da Lava Jato.

Quem silencia são “analistas” que atuam como porta-vozes de ministros, bem como emissoras de TV e rádio comandadas por seus aliados. Uns não querem perder fontes de WhatsApp, outros não querem perder a presença deles em eventos de lobby, nem a boa vontade em decisões relativas a seus negócios. Ou seja: são profissionais que se afastam da vigilância jornalística por interesses alheios ao ofício.

Políticos e ativistas, no entanto, nada costumam revelar sobre a sujeira de adversários e seus demais alvos de críticas e ataques. Eles apenas ecoam a parte conveniente do trabalho de jornalistas, policiais e procuradores, fingindo para massas de manobra (avessas à leitura de matérias e relatórios originais) que são os denunciantes daquelas mazelas e, mais ainda, a solução eleitoral para elas – mesmo quando seu grupo político se alinha a diversas autoridades que incorrem nas práticas denunciadas.

O bolsonarismo que, para reagir às decisões de Alexandre de Moraes, “denuncia” até nos EUA os elos familiares entre ministros de tribunais superiores e escritórios de advocacia, revelados – repito – pela Lava Jato e pela imprensa, é o mesmo que acabou com a Lava Jato, vetou projeto que limitava decisões monocráticas e blindou Dias Toffoli e Gilmar Mendes contra a CPI da Lava Toga, quando precisava de ambos para blindar Flávio Bolsonaro no STF contra investigações de peculato.

Na época, Toffoli aproveitou pedido da defesa de Flávio para suspender, em decisão monocrática, não só a investigação sobre o filho de Jair Bolsonaro, mas também a apuração da Receita Federal sobre a esposa do próprio ministro e de Gilmar, ambas advogadas. Crusoé havia mostrado, inclusive, que Roberta Rangel transferia R$ 100 mil por mês ao marido, Toffoli.

A “mídia” bolsonarista silencia sobre esse lado pró-sistema do bolsonarismo, assim como a “mídia” lulista, ou gilmarista, silencia sobre os métodos de enriquecimento das famílias de ministros amigos, entre outros casos.

O verdadeiro jornalismo, porém, felizmente existe para preencher as lacunas e refutar as narrativas do falso jornalismo e do ativismo político, duas modalidades de propaganda e vassalagem cada vez mais indistinguíveis.
O Antagonista

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