General Dutra chama reunião com Torres sobre acampamentos no QG de ‘cafézinho de cortesia’

Em depoimento no STF, o então chefe do Comando Militar do Planalto disse que a conversa com Torres durou de 15 a 20 minutos
Flávia Maia
Após a defesa do ex-ministro Anderson Torres insistir no depoimento, o general Gustavo Dutra compareceu nesta sexta-feira (30/5) na videoconferência do Supremo Tribunal Federal (STF) para testemunhar na ação sobre a tentativa de golpe de Estado no Brasil em 2022. Durante a sua fala, o militar diminuiu a um “cafézinho de cortesia” a reunião do dia 6 de janeiro de 2023 com Torres, então secretário de segurança pública do Distrito Federal.

No dia 6 de janeiro de 2023 ocorreu uma reunião de Planejamento de Ações Integradas (PAI) entre Anderson Torres e lideranças de segurança pública do Distrito Federal. Na ocasião, Torres teria recebido informações de que os acampamentos em frente aos quartéis generais estavam esvaziados e haveria um plano de ação caso ocorressem manifestações em Brasília. No mesmo dia, o então secretário viajou para os Estados Unidos.

Na época, o general Dutra era o chefe do Comando Militar do Planalto. No depoimento, ele disse que a conversa com Torres durou de 15 a 20 minutos e não foi uma reunião, mas um “cafézinho de cortesia” para eles se conhecerem, visto que ele estava responsável pela segurança da região do DF, Goiás, Triângulo Mineiro e parte do Tocantins.

Durante o encontro, o general mostrou fotos da porta do QG com acampamentos esvaziados e com forte presença de moradores em situação de rua, portanto, precisaria de um apoio de assistência social para a retirada desse grupo vulnerável.

Os advogados de Torres insistiram no depoimento do general para esclarecer a reunião de 6 de janeiro de 2023. Nesta reunião, sustenta a defesa, Torres foi informado que as manifestações pró-Bolsonaro estariam enfraquecidas, o que justificaria o despreparo das forças de segurança pública nos atos de 8 de janeiro.

Assessoramento
Também foi ouvido Renato de Lima França, advogado da União que prestou assessoramento jurídico na Presidência da República entre agosto de 2022 até o fim do governo Bolsonaro. Ele informou que o único pedido de assessoramento contra um possível excesso de atuação do STF foi em relação à ADPF que discutiu a constitucionalidade do inquérito das fake news.

Disse também que não recebeu nenhuma solicitação de consultoria jurídica sobre interpretação do artigo 142 da Constituição e um possível poder moderador militar. Assim como não foi pedido nenhuma consultoria sobre estado de sítio, de defesa, anulação das eleições ou decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
JOTA

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