General falta a depoimento no Supremo e Moraes manda intimá-lo para nova oitiva

 

O general Gustavo Dutra, que era comandante militar do Planalto durante os atos golpistas do 8 de janeiro, faltou na quarta-feira (28) a uma audiência no Supremo Tribunal Federal (STF).

 

Dutra foi indicado como testemunha de defesa pelo ex-ministro Anderson Torres, um dos réus da ação penal sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado.

O advogado Raphael Menezes, que atua na defesa de Torres, informou que está em contato com Dutra:

— Entramos em contato com ela (a testemunha). Conversamos inclusive ontem, reforçamos a necessidade de sua oitiva hoje. Eu vou tentar, ministro, reenquadrar, se possível, ainda durante essa semana, porque é uma testemunha importante para nós.

Após destacar a desistência de algumas testemunhas, como o ex-ministro da Economia Paulo Guedes, Menezes reforçou a necessidade de ouvir Dutra. Segundo os advogados, a reunião tratou da desmobilização do acampamento instalado em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília.

Moraes atendeu ao pedido e deferiu a intimação do general, que deverá comparecer obrigatoriamente à audiência marcada para segunda-feira (2/6). O depoimento ocorrerá de forma virtual.

Encontro ocorreu na antevéspera das manifestações
O encontro entre Torres e Dutra ocorreu em 6 de janeiro de 2023, às 10h, na sede da Secretaria de Segurança Pública do DF. O detalhe que chama a atenção é que não houve registro em ata sobre o teor da conversa – prática considerada de praxe em reuniões institucionais.

Naquela mesma noite, Torres viajou para os Estados Unidos (EUA). Dois dias depois, manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília. A maioria dos envolvidos partiu justamente do acampamento montado no QG do Exército, alvo da reunião entre Torres e o general Dutra.

Até o momento, o Supremo ouviu testemunhas indicadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) – ou seja, de acusação –, além de depoentes apontados pelo colaborador e ex-ajudante de ordens Mauro Cid; pelo general Walter Souza Braga Netto; pelo deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ); pelo ex-comandante da Marinha almirante Garnier Santos; e pelo ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Augusto Heleno; e de Anderson Torres.

Papel de Anderson Torres

Anderson Torres e Bolsonaro – Evaristo Sá/AFP

Ao denunciar Anderson Torres, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que o ex-secretário de Segurança do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL) integrou uma organização criminosa desde junho de 2021.

De acordo com a acusação, o grupo, que seria liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), teria atuado nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 e “utilizou violência e grave ameaça com o objetivo de impedir o regular funcionamento dos Poderes da República e depor um governo legitimamente eleito”.

O primeiro indício da participação de Torres na suposta trama, segundo Gonet, remonta a uma live de Bolsonaro, na qual o então ministro “contribuiu para a propagação de notícias inidôneas sobre o sistema eletrônico de votação”.

Com relação especificamente aos atos do 8 de Janeiro, Gonet apontou que Torres e outros integrantes das forças de segurança “revelaram descumprimento deliberado do dever que se lhes impunha, no âmbito das suas responsabilidades na segurança pública, de prevenir exatamente as barbaridades ocorridas”.
METRÓPOLES/GLOBO – Edição: Montedo.com

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