VÍDEO: Ex-comandante da Aeronáutica relata plano de Bolsonaro para prender ministro Alexandre de Moraes

 

Carlos Almeida Baptista Júnior depôs ao STF sobre reuniões realizadas entre Jair Bolsonaro e os comandantes das Forças Armadas após as eleições de 2022

Diego Nuñez
Em depoimento prestado em 21 de maio de 2025, no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-comandante da Aeronáutica, Carlos Almeida Baptista Júnior, relatou plano do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para prender o ministro Alexandre de Moraes, da Suprema Corte.

A intenção foi declarada em uma série de reuniões entre Bolsonaro e os comandantes das Forças Armadas realizadas em novembro de 2022, após o ex-presidente ser derrotado na tentativa de reeleição.

“Foi aventada a possibilidade da prisão de autoridades públicas?”, questiona o procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet. Ao que Baptista responde: “Foi, sim, senhor. Do ministro Alexandre de Moraes.” Presente na audiência, Moraes ri em seguida.

Antes, 20 minutos de interrogatório já haviam passado. Baptista Júnior detalha uma série de reuniões realizadas entre os comandantes das Forças Armadas, o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, e Jair Bolsonaro.

O primeiro encontro ocorreu em 1º de novembro de 2022. “Nós colocamos todos os resultados das urnas e que não encontramos qualquer fraude, qualquer risco ao resultado das urnas, e, no final, o presidente (Bolsonaro) perguntou ao Dr. Bruno Bianco se havia mais alguma solução jurídica a se tomar. Ele falou que não”, depôs Baptista Júnior.

No dia seguinte, voltaram a se reunir. “O presidente estava frustrado com o resultado, parecia deprimido. (…) Esse assunto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), ele começou a ser abordado nessas outras reuniões. Em determinado ponto, e eu não sei precisar ao senhor, penso que foi a partir do dia 11, eu comecei pessoalmente a entender que aquela Garantia da Lei e da Ordem que nós estávamos abordando não era o que eu estava acostumado a ver as Forças Armadas cumprirem desde 92. E nós começamos a ficar desconfortáveis. Pelo menos eu, o ministro Paulo Sérgio e o general Freire Gomes (então comandante do Exército)”, disse.

Segundo o comandante da Aeronáutica à época, a forma como Bolsonaro tratava a GLO causou desconforto. “Nesse momento, numa dessas discussões, estávamos em reunião de trabalho, nós sugerimos ao presidente que, se havia algum problema, com uma crise institucional, estava na hora de chamar outros participantes para a reunião que não só os militares. E foi aí que sugeri o ministro Anderson Torres e uma conversa do presidente (Bolsonaro) com o presidente da Câmara e do Senado, porque os três são membros do Conselho de Defesa. Desconheço se isso foi feito.”

“A partir do dia 11, nós começamos a ficar desconfortáveis se a GLO que nós estávamos falando era para baderneiros, era para acampamento ou era para outro objetivo”, sintetizou o ex-comandante da Aeronáutica.

O desconforto era tamanho que o então comandante do Exército, general Freire Gomes, teria ameaçado dar voz de prisão a Bolsonaro, que ainda era presidente na decorrência dos fatos, caso ele seguisse com seus planos.

Segue o diálogo no depoimento:

Paulo Gonet, procurador-geral da República: “Qual era a postura do senhor e dos demais comandantes quando essas medidas de GLO e outras providências extraordinárias estavam sendo discutidas? Há, no seu depoimento (à Polícia Federal), a afirmação de que o comandante do Exército, general Freire Gomes afirmou que caso tentasse tal ato, teria que prender o presidente da República. O senhor confirma tal depoimento?”

Baptista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica: “Confirmo, sim, senhor. Eu acompanhei anteontem a repercussão, estava voltando de viagem. o general Freire Gomes polida, educada, logicamente não falou essa frase com agressividade com o presidente da República, ele não faria isso, mas é isso que ele falou.”

CORREIO DO POVO – Edição: Montedo.com

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