Brasil avança na construção de submarino nuclear em parceria com a França

O Submarino S-42 Tonelero 3º da Classe Riachuelo navegando em testes de mar Foto ICN

Marcelo Godoy
04 Maio 2025
Poertal Estadão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, devem assinar na França o contrato para a aquisição de chapas destinadas à construção do casco resistente do Submarino Nuclear Convencionalmente Armado (SNCA) Álvaro Alberto (ver Nota DefesaNet). Os dois vão à Toulon, no sul daquele país, visitar uma base da marinha e o Naval Group, empresa de defesa francesa que compõe o consórcio responsável pelo Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB), do Brasil.

O submarino nuclear brasileiro – o primeiro construído por uma potência sem armas nucleares – é o principal instrumento de dissuasão a potências extrarregionais que o País espera contar na defesa da chamada Amazônia Azul, as riquezas existentes nas águas sob a jurisdição brasileira. O Álvaro Alberto é resultado de parceria estratégica estabelecida entre Brasil e França em 2008.

Com o novo contrato, a Marinha dará continuidade à construção do submarino nuclear, um processo que começou em outubro de 2023, com o início da qualificação do estaleiro da Itaguaí Construções Navais. Atualmente, o Prosub prevê a construção de quatro submarinos convencionais e um nuclear. Por enquanto, não há previsão para novas encomendas, o foco da Marinha permanece na execução das fases em andamento do programa, especialmente no desenvolvimento do submarino nuclear.

A Força Naval sabe que a conclusão do Álvaro Alberto deve exigir ainda um “elevado esforço técnico, institucional e orçamentário”. Há dois anos, a estimativa da Marinha era a de que a terceira fase do Prosub, a fase nuclear, pudesse significar um investimento de até R$ 25 bilhões. O cronograma de entrega do SNCA permanece o mesmo: 2033 para o término do projeto da construção do primeiro submarino de propulsão nuclear do País.

Dos quatro submarinos convencionais previstos, dois já foram entregues: o submarino Riachuelo (S-40) e o submarino Humaitá (S-41). Já o submarino Tonelero (S-42) já teve seu lançamento feito em 2024 e tem previsão de entrega ainda este ano, enquanto o submarino Almirante Karam (S-43) possui previsão de lançamento em 2025 e entrega em 2026, desde que novos cortes orçamentários não ocorram como nos últimos anos.

O PROSUB ergueu ainda o Complexo Naval de Itaguaí, com um estaleiro moderno, capaz de construir navios e submarinos. Em razão dele, a Marinha aposta em novos negócios, como a construção de submarinos para exportação, principalmente para países da América do Sul, além de “encomendas para o mercado nacional e internacional de navios, embarcações e projetos ligados à indústria offshore de petróleo e gás”.

A Marinha sabe que construção de submarinos é algo raro em todo o mundo. Por isso, ela aposta que o consórcio responsável pelo PROSUB “deve buscar novos negócios, sobretudo a construção de submarinos para exportação”. O objetivo inicial é satisfazer a demanda por embarcações convencionais, pois atualmente, no cenário internacional, a Marinha considera não existir “efetivamente um ‘mercado’ para a comercialização de submarino nuclear”.

Além do Brasil, somente a Austrália, outro país sem armas atômicas, deve ter um submarino nuclear em sua frota por meio do acordo AUKUS, firmado entre Grã-Bretanha-EUA e Austrália. Para Marinha, “o caso do AUKUS é isolado e específico, configurando uma exceção. Portanto, é considerado prematuro, neste momento, qualquer iniciativa semelhante por parte do Brasil”.

Nota DefesaNet

A concepção do submarino Scorpene, base da Classe Riachuelo, que dará origem ao Submarino Nuclear Convencionalmente Armado (SNCA) Álvaro Alberto. Permite a evolução do desenho e atender aos limites exigidos para a construção de um submarino nuclear. Assim a Armada busca compra as chapas de composição especial (austeníticos), mesma classe usados na classe Riachuelo.

Além de mais resistentes para suportar maiors pressões também são amagnéticos (diminui a eficiencia dos sistemas baseados em anomalias magnéticas).

O Editor

S-42 Tonelero em testes de navegação Foto ICN

Complexo do estaleiro Itaguai Construção Naval – ICN

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