Advogados do ex-ministro da Justiça rechaçam versão de general sobre reuniões e minuta golpistas; ex-comandante da Força é testemunha de acusação
Eduardo Barretto
A defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, réu na ação do golpe que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), avalia pedir uma acareação entre Torres e o general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército e testemunha de acusação. Nesse procedimento judicial, pessoas que deram versões conflitantes ficam frente a frente para esclarecer os fatos. Freire Gomes disse que Torres participou de reuniões de teor golpista, o que o ex-ministro nega.
Termina na próxima segunda-feira, 16, o prazo para as defesas dos réus e a Procuradoria-Geral da República (PGR) pedirem ao STF mais diligências, como coletas de provas ou acareações. Depois dessa fase, as partes apresentam alegações finais e o caso é liberado para julgamento na Primeira Turma da Corte.
General acusou ‘suporte jurídico’ de Torres a ação golpista
Freire Gomes afirmou à Polícia Federal, em 2024, que Torres dava “suporte jurídico” ao então presidente Jair Bolsonaro em reuniões sobre atos golpistas.
O ex-comandante do Exército afirmou ainda que a “minuta golpista” discutida com Bolsonaro e outros comandantes militares era a mesma apreendida pela PF na casa de Torres. A defesa de Torres também rechaça essa versão e cogita pedir uma perícia para demonstrar isso.
Em depoimento ao STF no mês passado, o general atenuou a versão. Disse que não tem certeza se a minuta apreendida na casa de Torres era a mesma discutida por Bolsonaro e comandantes militares.
Questionado pela defesa de Torres sobre quantas reuniões Torres havia participado com os chefes das Forças, o militar respondeu, sem detalhar: “Poucas”. Os advogados de Anderson Torres também criticaram o fato de o general ser testemunha, em vez de investigado.
Torres negou acusações em depoimento a Moraes
Em interrogatório, Torres negou as acusações da PGR, especialmente sobre a minuta encontrada em sua casa. “Não é a minuta do golpe. Eu brinco que é a minuta do Google, né? Porque está no Google até hoje. Isso foi uma fatalidade. Eu nunca trabalhei isso. O documento era muito mal escrito. Não sei quem fez, não sei quem mandou fazer e nunca discuti esse tipo de assunto”, disse ao ministro Alexandre de Moraes.
Torres ficou 4 meses preso e usa tornozeleira há 1 ano
O ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro ficou preso preventivamente entre janeiro e maio de 2024, por supostos crimes no 8 de Janeiro. Ele era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal no dia do ataque golpista aos três Poderes.
Desde maio do ano passado, Torres continua usando tornozeleira eletrônica e cumprindo medidas cautelares, como restrições de horário para sair de casa.
ESTADÃO
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