Após bronca no advogado de Defesa em rede nacional, ex-comandante do Exército se desculpa. Um general sendo… general!

 

O general e ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira pediu desculpas nesta sexta-feira (13) ao próprio advogado, Andrew Fernandes, por ter dado duas broncas nele durante interrogatório no STF (Supremo Tribunal Federal), na última terça-feira (10).

 

Relembre o caso
O general deu duas broncas no advogado. Numa delas, após ser questionado pela defesa, ele falou que já tinha respondido “tudo” o que ele tinha perguntado ao ministro Alexandre de Moraes, enquanto na outra ele afirmou que o advogado não tinha combinado a pergunta com ele.

Visivelmente, o episódio causou grande constrangimento ao advogado, além de provocar risos de deboche entre os presentes, inclusive de Moraes.

Reveja as broncas de Paulo Sérgio

“Atitude desmoralizante”

É algo impressionante, eu nunca vi uma cena como essa em mais de 20 anos de advocacia. É algo realmente constrangedor e quem acaba sendo prejudicado acima de tudo é a própria pessoa, no caso o próprio réu.

Em qualquer questionamento, qualquer situação, ele tem a possibilidade de conversar ali de uma forma no ouvido com o seu advogado, fazer algum comentário e, se tiver alguma coisa que não esteja deixando ele confortável… enfim uma atitude como essa só desmoraliza a sua própria defesa.

Não havendo eventualmente um vínculo entre advogado e cliente o ideal, naturalmente, é renunciar à procuração por parte do advogado ou, eventualmente, da parte do réu, subestabelecer para um outro profissional mas não criar uma situação como essa porque, eu repito, quem se prejudica é o próprio réu.
Cristiano Vilela, advogado e comentarista da Jovem Pan

Três dias após o interrogatório, o ex-ministro afirmou que as broncas “não foram apropriadas”. “O Dr. Andrew e a sua equipe me prepararam extensa e acuradamente para o depoimento, elencando as perguntas a serem feitas pela defesa e os pontos a serem por mim ressaltados”, disse Nogueira, em uma carta.

O general agradeceu o advogado pelo trabalho prestado até agora. “Apresento minhas escusas ao Dr. Andrew e manifesto a elevada estima e o agradecimento a toda a sua equipe pelo proficiente trabalho, cuja excelência tem fortalecido a confiança na solidez da minha defesa”.

 

O general foi apenas…general!
Se a atitude do ex-comandante do Exército em rede nacional surpreendeu o meio jurídico, pelo óbvio prejuízo causado à sua própria defesa, o mesmo certamente não ocorreu com quem sabe como funcionam as coisas na caserna.

Por trás dos muros dos quartéis impera o entendimento implícito de que capacidade, competência e – principalmente! – inteligência estão fielmente representados na escala hierárquica.

Usando um exemplo corriqueiro do dia a dia da tropa, um coronel combatente entende que tem o poder de determinar a um médico que estudou cinco anos até se formar, qual prescrição médica deve ser dada a este ou aquele militar.

Da mesma forma, um chefe pode desconsiderar o parecer de qualquer assessor, por mais qualificado que este seja. Basta pensar diferente. A legislação que vá às favas!

O R-Quero é um regulamento informal bem conhecido por todo militar. Sua redação é de uma clareza meridiana:

Artigo 1º – A vontade do Comandante sempre prevalece, sem importar o que prevê a legislação ou afirmem os especialistas.
Parágrafo único: revogam-se as disposições em contrário.
FIM

Natural, portanto, que um general de quatro estrelas presuma saber mais que seu próprio advogado, a quem deve estar pagando uma fortuna, e, por isso mesmo, é seu subordinado.

Simples assim.

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