O romance proibido vivido pelo recruta Ney Matogrosso

 

Artista se apaixonou por um companheiro de quartel durante o período em que serviu à Aeronáutica. Romance é mostrado em Homem com H

Ranyelle Andrade
Um dos momentos mais sensíveis da juventude de Ney Matogrosso volta a emocionar o público com a cinebiografia Homem com H, disponibilizado recentemente pela Netflix. Ainda adolescente, o cantor viveu um romance clandestino durante o serviço militar — uma história marcada por silêncio, desejo e risco.

Ney tinha apenas 17 anos quando servia à Aeronáutica. Foi lá que ele se apaixonou por um companheiro de quartel, jovem com quem dividia o alojamento. O episódio, que já havia sido revelado na biografia do artista, ganha agora uma nova camada de emoção ao ser representado no audiovisual.

“Ney se apaixonou por um soldado. Era um rapaz alto, magro e de pele morena que havia chegado com a turma dos capixabas para integrar as frentes da Polícia da Aeronáutica. Assim que o viu, Ney se sentiu arrebatado por sua beleza, mas manteve-se cauteloso e flertando à distância. O jovem percebeu e correspondeu aos olhares, alimentando uma paixão quase platônica pela impossibilidade de ser assumida sob tanta vigilância. Era tudo muito arriscado.”

Um amor impossível
O Brasil da época era ainda mais hostil à diversidade. No ambiente militar, expressar sentimentos por alguém do mesmo sexo podia custar não só a carreira, mas a dignidade.

“O sistema militar especificava a conduta de homossexuais como pederastia. Jovens que alegassem preferência por pessoas do mesmo sexo eram dispensados durante o recrutamento, levando o indigno carimbo de ‘pederasta’ na carteira de reservista, e a prática homossexual pelas dependências do batalhão era considerada uma desonra punida com expulsão. Mas ainda que não demonstrassem, eles já estavam apaixonados.”

Apesar da repressão, os dois soldados criaram uma conexão profunda — e silenciosa. Um amor que nunca pôde ser vivido plenamente, mas que deixou marcas.

Reprodução: Homem com H

“Numa das poucas chances que tiveram para fazer confidências, o soldado disse ‘eu te amo’ e Ney afirmou que também o amava, mas ninguém avançou além da frase e os dias se passaram sem que sequer se tocassem. Um ano depois, quando as primeiras baixas começaram a separar os colegas de corporação, dispensando-os em levas escalonadas para regressarem a suas cidades, o rapaz convidou Ney para seguirem juntos para o Espírito Santo. ‘Eu não tenho o que fazer lá’, respondeu triste, minutos antes de o avião com os capixabas.”
METRÓPOLES – Edição: Montedo.com

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