Notas Estratégicas BR – Indústria de Defesa move-se para o Paraguai?

As dificuldades da Base Industrial de Defesa em exportar e avançar no mercado internacional

Nelson During
Editor-chefe DefesaNet

1 – Indústria de Defesa em move-se para o Paraguai?

As principais empresas de da chamada Base Industrial de Defesa e Segurança, produção de armamento e munição do Brasil começam a olhar e planejam deixar o país e mudar para o Paraguai.

O motivo não seria somente a energia barata e impostos mais baixos além de uma lei trabalhista mais branda. Segundo um importante gestor do setor, as empresas estão simplesmente embretadas em uma batalha surda, sutil e quase sadomasoquista, mas mortífera nos gabinetes de Brasília.

O campo de batalha, em um jogo no qual as empresas estão perdendo contratos duramente conquistados por não estarem recebendo licenças de exportação do Ministério das Relações Exteriores  (MRE). Mesmo apresentando documentos e certificados de usuários finais (End User), as exportações estariam sendo atrasadas ou embargadas pela burocracia do governo brasileiro e os clientes internacionais cancelando os contratos. “Viajamos pelo mundo, participamos de feiras e promovemos nossos produtos. Quando conquistamos um importante negócio não conseguimos trabalhar”.

2 – Indústria de Defesa move-se para o Paraguai?

Outro ponto que após conseguir a licença de exportação é a obtenção de garantias bancárias. Nas negociações de defesa há a troca de garantias, tanto de quem compra como para o que vende.

Aqui não importa o cadastro bancário da empresa, mas sim as “compliances” das entidades financeiras. Não importa o VP Geraldo Alckmin declarar apoio e o primeiro nível do BB, BNDES, etc.  jurarem apoio pois o terceiro escalão boicotará firmemente. Tudo em nome de uma entidade “limpinha” e “imaculada”.

3 – Indústria de Defesa move-se para o Paraguai?  

Após ter folego jurídico, político e financeiro, para completar esta maratona a análise no MRE a Secretaria de Assuntos Multilaterais Políticos (SAMP), com o Departamento de Assuntos Estratégicos, de Defesa e de Desarmamento (DDEF)   

Sim, deveria ser esse, o roteiro final, mas agora surge o Monte Olimpo, siga a nova trilha:
 
a – após o DDEF o assunto sobe à Secretaria Geral do MRE;
b – depois ao próprio Gabinete do Ministro, e no caso atual,
c –  a decisão última vai ao Palácio Planalto com o Conselheiro Internacional Celso Amorim e certamente o próprio Presidente Lula (que já vetaram operações de interesse das Forças Armadas).

Final – Haja Fôlego ou é melhor ir para Assunção?

Nota DefesaNet – recomendamos a leitura – Marfrig/BRF não é caso único: Brasil às portas de um êxodo de empresas

Sem  helicópteros

Quando o Rio Grande do Sul se aproxima da sua quarta enchente, de grandes proporções, em três anos, a Força Aérea não conseguiu adquirir nenhum helicóptero. O planejamento era de comprar dos Estados Unidos pelo menos seis aeronaves Blackhawk, mas até o presente momento o negócio não conseguiu ser efetivado.

Faltam recursos ou interesse?

Segundo fontes do governo, não faltam opções nem recursos para modernização das Forças Armadas, falta interesse de segmentos militares nas ofertas do Ministério da Defesa. Várias oportunidades de cooperação internacional vistas como estratégicas pelo governo, incluindo França, China, Turquia e Itália, teriam sido colocadas na mesa, mas não houve interesse dos militares no reequipamento proposto de acordo com os interesses estratégicos do país.

Ninguém quer pilotar a escrivaninha

O plano de aquisição de caças F-16 não deu certo. A FAB lançou o projeto de aquisição de aeronave complementar, que até o momento não conseguiu escolher uma nova plataforma. Os F-5EM/FM poderão operar até 2035. Algumas células deverão estar voando com 60 anos de uso. Trata-se do pior momento da história da aviação de caça da Força Aérea Brasileira. Sem aviões, os pilotos operacionais estão fugindo em debandada para voar em linhas aéreas. Pois para quem tem paixão por voar até supera o salário baixo, mas juntar a isto a um trabalho burocrático é melhor ser piloto de aeronave comercial;

Novos tanques

O Exército Brasileiro espera iniciar até o final do ano o projeto de aquisição da nova família de blindados sobre lagarta. Conhecida como FT Blindada, visa adquirir uma plataforma comum composta por um veículo blindado de combate de infantaria e um carro de combate leve, e em versões posteriores a de combate antiaéreo. A versão de combate de infantaria, deverá ser equipada com uma torre de 30mm e a de combate de cavalaria por comunalidade com a torre Hitfact 2 da Leonardo, a mesma do Centauro 2. Entre os concorrentes estão o CV90 da BAE Systems, e os turcos Kaplan da FNSS e Tulpar da Otokar, este último já vem equipado com a torre italiana da Leonardo. Espera-se que o Exército faça a aquisição por um acordo Governo/Governo para evitar problema similar da aquisição do obuseiro sobre rodas, paralisado por decisão do governo brasileiro já que a escolha foi por um sistema de origem israelense. Um dos requisitos principais é ter componentes livres de autorização de exportação dos EUA e Alemanha, chamados ITAR e BAFA, que tem embargado muitas compras das Forças Armadas.

Fuzileiros Navais

O Corpo de Fuzileiros Navais precisa urgentemente substituir os velhos tanques leves SK-105 e lançou uma Request for Information (ROI). O plano é adquirir em 2026 pelo menos 17 tanques leves e 1 recuperador.  Suecos e turcos estão entre os favoritos.

+ quatro Tamandaré

A Marinha Brasileira trabalha para adquirir mais quatro Fragatas Classe Tamandaré até o final do governo para finalmente ter o número necessário para substituir as fragatas Classe Niterói. Enquanto isso já se vislumbra a necessidade de navios mais pesados para missões mais complexas, acima de 6 mil toneladas.

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