Marinha do Brasil realizou exercícios operativos em sete países do Golfo da Guiné
Por Primeiro-Tenente (RM2-T) Thaís Cerqueira
A Fragata “Defensora” partiu no dia 25 de junho de Abidjan, na Costa do Marfim, último porto africano da comissão, e seguiu em direção ao Brasil, com previsão de chegada em 5 de julho, no porto de Cabedelo, Paraíba. A Operação “Guinex V” tem conclusão prevista para 12 de julho, no Rio de Janeiro.
Iniciativa da Marinha do Brasil (MB), realizada anualmente desde 2021, a Operação já contemplou os portos de Cabo Verde, Senegal, Gana, Nigéria, Camarões, São Tomé e Príncipe, promovendo treinamentos com marinhas amigas e guardas costeiras da região.
Durante o percurso para Abidjan, a Fragata “Defensora” realizou o exercício de Light Line com o navio-patrulha “Comandante Bettica”, da Marinha da Itália. O procedimento consistiu na aproximação lateral e passagem de um cabo entre as embarcações, por meio de arremesso manual ou com o auxílio de dispositivos. A manobra é utilizada para reabastecimento no mar, transferência de carga ou de pessoal, com as devidas adaptações.
A Operação “Guinex” teve como objetivo promover a presença naval brasileira no Golfo da Guiné, na costa ocidental da África. A participação da Fragata “Defensora”, com um efetivo de aproximadamente 260 militares, reafirmou o compromisso do Brasil com a estabilidade em seu entorno estratégico, contribuindo para o desenvolvimento de capacidades locais, a vigilância das águas jurisdicionais e a proteção dos recursos marítimos em uma das regiões mais relevantes para o comércio internacional.
Durante evento de recepção a bordo do navio brasileiro, o Subchefe do Estado-Maior da Marinha da Costa do Marfim, Contra-Almirante Amara Kone, afirmou que o Brasil tem buscado, por meio de suas ações, criar e reforçar a cooperação marítima com os países do Golfo da Guiné.

“Vamos levar essa cooperação adiante, avançando em formação, treinamentos, operações e, sobretudo, no intercâmbio de informações. Em nome das autoridades da Marinha marfinense, afirmo que estamos prontos, estamos juntos e estamos com vocês”, destacou.
De acordo com o Comandante do Grupo-Tarefa da Operação “Guinex”, Contra-Almirante Antonio Braz, além dos treinamentos e exercícios combinados, a diplomacia naval foi um dos aspectos importantes da comissão.
“Por meio da diplomacia naval, projetamos não apenas nosso poder marítimo, mas, sobretudo, nosso compromisso com a paz, o diálogo e o desenvolvimento conjunto. A Operação ‘Guinex’ reforça a importância das relações históricas e culturais entre o Brasil e o continente africano, além de abrir espaço para o intercâmbio de experiências e a construção de uma segurança marítima verdadeiramente cooperativa”, ressaltou.
Segundo o embaixador do Brasil em São Tomé e Príncipe, Pedro Luiz Dalcero, a Operação “Guinex V” foi uma demonstração concreta do comprometimento do Brasil com o tratado da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS), que, em 2026, completará 40 anos de existência. Criada em 1986, na Organização das Nações Unidas (ONU), por iniciativa brasileira, a ZOPACAS busca promover a cooperação regional e a manutenção da paz e da segurança entre os países participantes.
“O trajeto realizado pela Fragata ‘Defensora’, com nossos equipamentos e recursos humanos desdobrados a milhares de milhas náuticas da costa brasileira, demonstra o compromisso do Brasil com seus parceiros africanos. Isso se torna ainda mais relevante em um contexto global marcado por desafios econômicos, sociais, climáticos e pelo aumento de conflitos armados”, destacou.
Mais de sete toneladas de donativos foram entregues em São Tomé e Príncipe

Durante a passagem por São Tomé e Príncipe, no dia 14 de junho, a Fragata “Defensora” realizou a entrega de mais de sete toneladas de donativos a entidades religiosas locais. As doações, compostas por cestas básicas, brinquedos, roupas, materiais de higiene, itens escolares, curativos e outros materiais, foram arrecadadas por instituições religiosas brasileiras e embarcadas na fragata. A cerimônia de entrega ocorreu a bordo do navio, com a presença do embaixador do Brasil no país, autoridades militares e representantes das instituições beneficiadas.
O missionário brasileiro da Mocidade para Cristo em São Tomé, Yata Lima, destacou que os materiais escolares beneficiarão cerca de 800 crianças, enquanto os materiais de saúde garantirão um ano de atendimento no projeto de tratamento de feridas da população.
“Somos profundamente impactados com a chegada desses donativos, especialmente com os materiais escolares e de saúde. Mesmo com a fragata retornando ao Brasil, de certa forma, ela permanecerá conosco durante um ano, em nosso dia a dia”, afirmou.
Sequência de exercícios operativos

Ao longo da missão no Golfo da Guiné, a comissão brasileira realizou oficinas, exercícios operativos e ações de diplomacia naval em todos os sete países visitados. As atividades reforçaram o compromisso do Brasil com a segurança marítima regional e fortaleceram as parcerias estratégicas na costa atlântica africana.
Entre os dias 21 e 25 de junho, durante escala no porto de Abidjan, a MB promoveu diversas oficinas com a participação de militares marfinenses. As atividades abrangeram primeiros socorros, controle de avarias, marinharia e técnicas de visita, abordagem, busca e apreensão (VBSS), empregadas por equipes do navio para inspecionar embarcações suspeitas de atividades ilegais, como contrabando ou pirataria. Após a desatracação, já em alto-mar, a Fragata “Defensora” conduziu exercícios práticos de abordagem com a Marinha da Costa do Marfim.
Em Lagos, na Nigéria, o ponto alto foi o exercício de abordagem (VBSS) realizado com os navios “Shere” e “Faro”, da Marinha da Nigéria. A Fragata “Defensora” simulou ser um navio mercante com vítimas de ataque pirata. O destacamento de abordagem nigeriano respondeu ao pedido de socorro e executou a inspeção conforme procedimentos reais. Em seguida, os militares brasileiros participaram de novo exercício a bordo do navio “Faro”, que, na simulação, representava uma embarcação suspeita de pesca ilegal.

No porto de Kribi, em Camarões, além do exercício de abordagem (VBSS) com o CNS “Dipikar”, navio-patrulha da Marinha camaronesa, também foi realizado o exercício “Leap Frog”, com manobras de aproximação entre os navios. Na primeira fase do exercício, a Fragata “Defensora” simulou ser uma embarcação envolvida em imigração ilegal, recebendo a equipe camaronense, que inspecionou os compartimentos internos até localizar os imigrantes simulados e, em seguida, se deslocou até o passadiço, área de comando do navio.
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