A 7ª SUBCHEFIA
Em 18 de fevereiro de 2022, foi publicado, no Boletim do Exército, o despacho decisório do Comandante do Exército, reativando a 7ª Subchefia/EME. Com a missão focada no futuro do EB, a 7ª. Subchefia do Estado-Maior do Exército está constituída pelo Centro de Estudos Estratégicos do Exército e pelas Seções de Conceitos Futuros e de Gestão de Capacidades. A reativação foi resultado de amplo estudo que começou em 2019, com a criação da seção “Exército do Futuro” na 3ª Subchefia/EME.
A ANÁLISE
A publicação “Análise”, conforme o próprio nome indica, destina-se a analisar eventos correntes ou situações, a fim de contribuir para o entendimento da conjuntura atual. Trata-se de uma publicação do Centro de Estudos Estratégicos (CEEEx), sem periodicidade definida, que objetiva dar voz aos analistas do CEEEx. Este exemplar apresenta uma visão sobre o confronto direto entre Israel e Irã, a Guerra dos 12 dias. Este conflito, destacou a centralidade da informação e da percepção como critérios de sucesso, em contraste com as guerras convencionais do século XX que priorizavam a conquista territorial. O texto explora a transição da fricção clássica (incertezas, desgastes físicos e morais) para a fricção cognitiva, onde a batalha se dá pela atenção, confiança e controle narrativo.
O AUTOR FREDERICO CHAVES SALDES DO AMOR – MAJ CAV ADJUNTO DE OPERAÇÕES DO CENTRO DE COORDENAÇÃO DE OPERAÇÕES DO COMANDO MILITAR DO SUL
Oficial do Exército Brasileiro formado na AMAN (2005), com Aperfeiçoamento (EsAO) e Altos Estudos Militares (ECEME). Possui mestrado em Ciências Militares, especializações em Geopolítica, Forças Especiais e Operações Psicológicas. Foi instrutor da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, do Centro de Instrução de Operações Especiais e Oficial de Comunicação Estratégica Operacional do Comando Conjunto Taquari.
A GUERRA DOS 12 DIAS: O CONFLITO ARMADO SEM FRICÇÃO ENTRE ISRAEL E IRÃ MARCADO PELA SURPRESA, NARRATIVAS E FOGOS DE PRECISÃO
INTRODUÇÃO
Entre 11 e 23 de junho de 2025, Israel e Irã desferiram salvas diretas de mísseis balísticos, drones de longo alcance e ataques cibernéticos declarados. Em apenas doze dias -lapso que a imprensa mundial já batizou de “nova guerra relâmpago” – ambos os governos proclamaram vitória antes mesmo de a fumaça baixar (PODER 360, 2025). O cessar-fogo mediado por Omã e Catar preservou, de fato, as linhas territoriais originais; nenhuma trincheira foi cavada e nem houve avanço de blindados.
Ainda assim, a campanha capturou a atenção global porque expôs com nitidez a centralidade da informação como critério público de sucesso. Se Tel-Aviv destacou a taxa de interceptação de 96% dos drones Shahed, Teerã enfatizou ter alcançado o espaço aéreo israelense com saturação numérica inédita (AL JAZEERA, 2025).
Esse contraste ilustra a transição de uma mentalidade baseada em conquistar uma faixa no terreno para negociar – herança das guerras convencionais do século XX – para outra, em que a percepção de invulnerabilidade, domínio narrativo e rapidez de recomposição de serviços básicos à sociedade, contam mais do que a ocupação física de território adverso.
Diante desse quadro, coloca-se a seguinte pergunta desta análise: como os Exércitos preparam e empregam meios terrestres num conflito de baixa fricção, em que antiacesso, negação de área e disputas cognitivas reduzem ou mesmo dispensam a manobra clássica? Para respondê-la, esta análise revisita a evolução teórica do atrito físico à guerra cognitiva, reconstrói a trajetória das relações israelo-iranianas até junho de 2025, analisa as estruturas operacionais de Israel e do Irã – destacando inteligência, fogos de precisão, defesa aérea, forças especiais e proxies, examina o peso da dimensão informacional e extrai lições úteis à Força Terrestre brasileira.
Do atrito clássico à guerra cognitiva
A obra Da Guerra, redigida por Carl Von Clausewitz no início do século XIX, define a fricção como a soma de incertezas, desgastes físicos e morais que impede a execução perfeita dos planos militares (CLAUSEWITZ, 2008).
Durante quase 150 anos, a arte operacional concentrou-se em minimizar essa fricção por meio de mobilização de massa, fogo de artilharia e manobras mecanizadas. A Segunda Guerra Mundial consagrou o ideal de profundidade territorial: quanto mais espaço se conquistava, maior o poder de barganha na mesa de paz. Contudo, nas últimas três décadas, esse paradigma vem sendo erodido por mudanças tecnológicas e socioculturais, uma vez que nas novas guerras há uma prevalência das identidades sobre os Estados, bem como nota-se uma privatização da violência e uma [1]Major do Exército Brasileiro. Oficial de Operações do CCOp do Comando Militar do Sul.
ACESSE A ÍNTEGRA DO TRABALHO ABAIXO
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