Crise com EUA expõe o custo da política ideológica do governo Lula

Por Redação DefesaNet

Brasília, 10 de julho de 2025 — A escalada das tensões entre Brasil e Estados Unidos, marcada pelo anúncio de novas tarifas comerciais e pela convocação do diplomata americano em Brasília, vai além das manchetes que relacionam o episódio ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. A deterioração do relacionamento bilateral tem raízes mais profundas, ligadas à política externa assumida pelo governo Lula e ao reposicionamento do Brasil no cenário internacional ao lado de regimes antagônicos ao Ocidente.

Tarifas como sinal político: a verdadeira razão

O presidente Donald Trump anunciou, nesta quarta-feira (9), que novas tarifas sobre produtos brasileiros serão implementadas em até 48 horas, ampliando significativamente o pacote anterior de abril, quando uma alíquota extra de 10% foi imposta. O novo percentual pode chegar a 50%, afetando diretamente setores estratégicos do agronegócio e da indústria nacional.

Embora o anúncio tenha sido feito poucos dias após Trump expressar apoio público a Jair Bolsonaro, fontes próximas ao governo americano e analistas internacionais confirmam que o verdadeiro gatilho para a retaliação tarifária foi a crescente aproximação do Brasil com regimes como China, Rússia, Irã e Venezuela, no contexto do fortalecimento do bloco dos BRICS.

Em publicação recente na rede Truth Social, Trump deixou claro: “Qualquer país que se aliar às políticas antiamericanas do BRICS será cobrado com uma tarifa adicional de 10%. Não haverá exceções a essa política.”

A retórica é coerente com a linha de ação adotada pelo governo Trump desde seu retorno à Casa Branca: usar tarifas como instrumento geopolítico para pressionar aliados incertos e dissuadir alianças com potências rivais, sobretudo em um cenário de nova Guerra Fria entre o Ocidente democrático e regimes autoritários.

Diplomacia de confronto: o Brasil contra o ocidente

A reação do governo brasileiro seguiu o padrão adotado desde o início do atual mandato: endurecimento retórico, nacionalismo defensivo e apelo à soberania, sem considerar o custo econômico e estratégico de um confronto direto com a maior potência mundial.

O Itamaraty convocou o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA, Gabriel Escobar, em resposta a declarações da Casa Branca e do Departamento de Estado, que criticaram o processo judicial de Bolsonaro e classificaram o cenário brasileiro como “incompatível com as tradições democráticas”. Embora essas manifestações estejam dentro do padrão da diplomacia americana em relação à democracia no continente, a reação do governo Lula foi desproporcional — evidenciando um ambiente de hostilidade deliberada contra Washington.

Durante a Cúpula do BRICS no Rio de Janeiro, o presidente Lula reforçou esse tom, classificando Trump como “irresponsável” e afirmando que o Brasil responderá com base na Lei da Reciprocidade Econômica, sugerindo possível retaliação comercial aos EUA. É uma retórica que pode agradar bases ideológicas internas, mas dificilmente resultará em ganhos concretos para a economia brasileira.

Apostando nas ditaduras: riscos estratégicos

A política externa do governo Lula tem como marca a reaproximação com países autoritários e a defesa aberta de regimes que violam direitos humanos e operam à margem das normas internacionais. O apoio a Nicolás Maduro, o silêncio em relação à repressão chinesa e iraniana, e o alinhamento automático com Moscou colocam o Brasil em posição antagônica frente ao eixo atlântico.

O governo brasileiro tem utilizado o BRICS como plataforma de contestação à ordem ocidental, tentando impulsionar uma nova governança global multipolar — mas, na prática, se torna refém de um bloco heterogêneo onde a pauta econômica é instrumentalizada por interesses autoritários. Isso tem consequências: os EUA e aliados da OTAN estão reagindo economicamente, e o Brasil está na linha de fogo.

Poucas cartas na mão brasileira

Segundo o analista Christopher Garman, da Eurasia Group, o Brasil tem pouco a oferecer em troca de uma redução tarifária. Não há interesse real do governo Lula em modificar sua orientação internacional, nem margem de manobra institucional para reverter as decisões do STF — especialmente em temas sensíveis como regulação de redes sociais e combate à desinformação, vistos por Washington como formas de censura seletiva.

Diferentemente de administrações anteriores que buscavam um equilíbrio pragmático entre Oriente e Ocidente, o atual governo aposta em um alinhamento ideológico explícito, o que isola o país e enfraquece sua capacidade de negociação.

O preço da ideologia

A crise atual não é apenas comercial, tampouco um desentendimento episódico. Trata-se de um choque estrutural entre duas visões de mundo: de um lado, um Brasil governado por uma coalizão que busca protagonismo global ao lado de regimes autoritários; de outro, os Estados Unidos, reafirmando seu papel como defensor da ordem liberal internacional.

O governo Lula, ao transformar sua política externa em palanque ideológico, colhe agora os frutos da instabilidade: queda na confiança dos mercados, aumento do risco-país e possível retaliação tarifária em série.

As consequências podem ser devastadoras para a economia brasileira, especialmente para setores exportadores, já pressionados por concorrência e dependência de acesso ao mercado americano.

Se não houver uma mudança de rumo, o Brasil corre o risco de reviver a diplomacia do isolamento — mas agora, em um mundo mais complexo, mais polarizado e muito menos tolerante com ambiguidade.

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