Medida, que marca fim de tradição histórica, busca economizar US$ 2 milhões por ano e melhorar bem-estar dos animais
O Exército dos Estados Unidos anunciou que está encerrando quase todos os seus programas de cavalos. A decisão marca o fim de uma longa tradição de cavalaria militar, mas também traduz preocupações com o bem-estar dos animais e a necessidade de modernização.
Segundo informações do site de notícias Business Insider, a medida, que começou a ser implementada em julho deste ano, resultará na desativação de cinco programas equinos em bases militares localizadas em Fort Irwin (Califórnia), Fort Huachuca (Arizona), Fort Riley (Kansas), Fort Sill (Oklahoma) e Fort Hood (Texas).
Unidades cerimoniais em Fort Carson, no Colorado, também serão fechadas, segundo a rede norte-americana NBC News. Todos esses programas incluíam funções cerimoniais, como desfiles, rodeios e guardas montadas, tradições profundamente enraizadas na história militar norte-americana.
A decisão faz parte de um realinhamento geral de combate e permitirá uma economia anual de cerca de US$ 2 milhões (cerca de R$ 11 milhões).
Ao todo, 141 cavalos serão transferidos para fora do Exército, muitos deles disponibilizados para adoção por organizações, sem qualquer venda, segundo o porta-voz do Exército, Steve Warren.
Problemas de bem-estar animal motivaram decisão
A medida foi impulsionada por problemas crônicos de bem-estar equino, que vieram à tona em 2022, quando a rede norte-americana CNN revelou mortes de cavalos no Cemitério Nacional de Arlington, na Virgínia, devido a condições de vida inadequadas e cuidados precários.
A denúncia levou o Exército a realizar uma avaliação interna, que identificou falhas sistêmicas na saúde dos equinos, como instalações abaixo do padrão, falta de conhecimento especializado e financiamento insuficiente.
Segundo o Business Insider, quase todas as unidades equinas do Exército foram apontadas no relatório por má gestão e cuidados inadequados.
Um veterinário do Exército, que falou ao Business Insider sob condição de anonimato, expressou sentimentos mistos sobre o fim dos programas. “Estou dividido. Acho que, no geral, é um alívio, já que simplesmente não há recursos veterinários disponíveis para cuidar dos cavalos adequadamente. Por outro lado, gostaria que pudéssemos oferecer cuidados de qualidade e mantê-los”.
Cavalos em unidades cerimoniais, como as do Exército, exigem cuidados especializados intensos, incluindo dietas personalizadas, selas e arreios sob medida, além de tratamentos avançados, como quiropraxia ou esteiras aquáticas.
No entanto, a falta de recursos e de profissionais qualificados, como ferreiros especializados, dificultava a manutenção desses padrões.
Exceções: unidades de caixões cerimoniais
Apesar do encerramento da maioria dos programas, o Exército manterá duas unidades de caixões cerimoniais, especializadas no transporte de caixões de militares em funerais, localizadas no Cemitério Nacional de Arlington e na Base Conjunta de San Antonio, no Texas.
Essas unidades pertencem ao 3º Regimento de Infantaria, conhecido como Velha Guarda, famoso por guardar o Túmulo do Soldado Desconhecido, em Arlington, uma das unidades mais prestigiadas do Exército.
A unidade de Arlington passou por uma reforma significativa após as denúncias de 2022. As operações foram suspensas por quase dois anos, e o Exército investiu em melhorias com a ajuda de especialistas, com consultoria da Polícia Montada Real Canadense e da Cavalaria da Casa Real Britânica.
Um orçamento de US$ 30 milhões para cinco anos foi aprovado para modernizar o programa, incluindo a construção de uma nova fazenda de cavalos, segundo o tenente-coronel Patrick Husted, porta-voz do Distrito Militar do Exército de Washington.
Já a unidade de caixões no Texas não passou por uma reforma tão extensa, e não está claro se outros programas equinos recreativos que permanecem ativos receberam melhorias significativas, de acordo com a imprensa norte-americana.
R7 – Edição: Montedo.com
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