Mais de um mês após o encerramento das hostilidades entre Israel e Irã — que duraram 12 dias intensos — ainda persistem dúvidas significativas quanto à logística e execução das operações conduzidas pela Força Aérea de Israel (IAF).
Em particular, analistas militares questionam como a IAF foi capaz de sustentar ataques a longa distância, superando os 1.600 km que separam Israel de Teerã, com uma frota limitada de vetores de reabastecimento aéreo.
Israel conta oficialmente com apenas sete aeronaves de reabastecimento KC-707 Re’em¹, modelo derivado do Boeing 707, operando há décadas. A realização de missões ofensivas envolvendo F-15, F-16 e F-35 Adir contra alvos localizados no interior do território iraniano exigiria, em tese, uma complexa cadeia logística de apoio em voo.
O Departamento de Defesa dos Estados Unidos, no entanto, declarou de forma explícita que não forneceu suporte de reabastecimento à IAF durante o conflito.
Um porta-voz da Royal Air Force (RAF) do Reino Unido reiterou que, embora forças israelenses participem rotineiramente de exercícios conjuntos na jurisdição do Comando Central dos EUA (CENTCOM), não há registros de operações de reabastecimento conjunto entre aeronaves norte-americanas e israelenses — incluindo nos exercícios de 2022, que simularam um cenário de ataque ao Irã.

Ataques Profundos e capacidade logística surpreendente
Durante a primeira onda de ataques, a IAF lançou ofensivas contra alvos na região fronteiriça Irã-Iraque, progredindo posteriormente para centros estratégicos no interior iraniano. Os objetivos incluíram instalações nucleares, baterias de mísseis de longo alcance, centros de comando e controle e estações de radar.
Relatos indicam que as aeronaves foram configuradas com o máximo de tanques de combustível suplementar — internos e externos — a fim de estender seu raio de ação.
Tanques conformais e de sobrepressão foram utilizados em larga escala, esvaziando reservas e implicando em altos custos logísticos, uma vez que tais componentes são frequentemente descartáveis em situações emergenciais.
A adesão estrita a rotas de voo pré-determinadas e táticas de economia de combustível foram aplicadas para maximizar a autonomia operacional. No entanto, essa estratégia reduziu a flexibilidade tática durante as missões.
Fontes ligadas ao setor de defesa indicam que a frota de caças F-35I Adir teria recebido atualizações específicas para ampliar seu alcance. Mesmo assim, diversas aeronaves retornaram às bases quase sem combustível após a primeira surtida, evidenciando os limites operacionais enfrentados.
Ainda assim, Israel conseguiu projetar força com cerca de 300 aeronaves nas ondas iniciais da campanha, utilizando exclusivamente sua frota limitada de reabastecedores e configurando os vetores com armamento de longo alcance.

Sabotagem interna e apoio oculto
Informações não confirmadas sugerem que operações clandestinas do Mossad teriam sido conduzidas em paralelo, visando sabotar elementos do sistema de defesa aérea iraniano a partir do interior do país. Esse tipo de ação teria contribuído para o êxito das primeiras incursões.
Com o avanço da campanha, embora o número de surtidas tenha diminuído, observou-se um aumento na profundidade dos ataques e na intensidade dos danos infligidos às estruturas críticas iranianas.
Cessação das hostilidades e especulações sobre apoio logístico
Nos dias que antecederam o cessar-fogo, o site especializado The War Zone afirmou que, caso os Estados Unidos não tivessem conduzido ataques com bombardeiros estratégicos B-2 Spirit contra instalações em Fordow, Israel provavelmente teria estendido a campanha até a completa neutralização do complexo — o que, na visão de analistas, exigiria inclusive incursões terrestres em zonas fortemente defendidas.
A USAF manifestou surpresa diante da aparente capacidade israelense de manter a operação sem qualquer apoio logístico externo.
As possibilidades consideradas pelos analistas incluem o uso de bases secretas em países como Jordânia, Arábia Saudita ou Azerbaijão — todos negados oficialmente ou sem comprovação documental.
Diante da ausência de provas concretas de apoio externo, cresce a hipótese de que Israel tenha, de fato, conduzido de forma autônoma toda a estrutura de reabastecimento e sustentação aérea durante o conflito — um feito logístico e operacional de considerável magnitude, ainda envolto em sigilo parcial e suscetível a novas revelações.
¹“Re’em” (רְאֵם): nome hebraico atribuído pela Força Aérea de Israel (IAF) à sua frota de aviões-tanque, significa “búfalo selvagem” ou “unicórnio”, dependendo da tradução bíblica.
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