Ricardo Fan
No dia 30 de julho de 2025, o governo dos Estados Unidos impôs duras sanções comerciais e diplomáticas contra o Brasil. Lideradas pelo presidente Donald Trump, as medidas incluíram tarifas de até 50% sobre produtos estratégicos brasileiros e sanções diretas contra o ministro Alexandre de Moraes. Embora anunciadas com antecedência, as sanções foram recebidas com “passividade” e improviso por Brasília. O que se viu no dia seguinte é um retrato desconcertante de um governo mal preparado, arrogante e disposto a distorcer os fatos para proteger seus próprios interesses.
Lula não apenas se ausentou das negociações com os americanos — se recusando a dialogar diretamente com Trump — como também preferiu ridicularizar o presidente dos EUA em falas públicas. Delegou a missão diplomática ao vice Geraldo Alckmin, que, sem o peso político necessário, foi ignorado em Washington. Essa omissão, disfarçada de altivez, teve custo alto: o Brasil agora vê mercados ameaçados e sua credibilidade internacional desgastada.
Em paralelo, parte significativa da imprensa nacional embarcou em uma operação de desvio narrativo. Ao invés de discutir o mérito das sanções — e o real motivo alegado pelos EUA: repressão política, censura e uso do Judiciário como ferramenta de perseguição — os principais veículos optaram por retratar Trump como um tirano vingativo. A cortina de fumaça foi montada com eficiência.
Mais grave ainda, as sanções vieram em meio a um escândalo de fraudes no INSS, com indícios de envolvimento de empresas ligadas a familiares do próprio presidente Lula. Em vez de esclarecer, o Planalto tratou o tema com silêncio — e usou o conflito com os EUA como distração conveniente. Um roteiro conhecido.
Outro fator de tensão ignorado publicamente foi a atuação de Lula na crise argentina. O presidente brasileiro atuou, ainda que informalmente, para apoiar o governo de Cristina Kirchner e do Partido Justicialista. Tal movimento, visto por Washington como interferência e alinhamento ideológico com o “kirchnerismo”, só contribuiu para a decisão de Trump de encerrar de vez o diálogo com o Brasil.
Casos semelhantes ao longo da história mostram que o despreparo diplomático cobra caro. Em 2002, a Venezuela de Hugo Chávez recebeu sanções graduais por interferência institucional. Em 2018, a Turquia de Erdogan sofreu tarifas de Trump após o caso do pastor Andrew Brunson. Em ambos os casos, a ausência de diálogo direto e o uso político das crises internas agravaram ainda mais o isolamento externo.
No Brasil, o governo Lula tenta repetir a cartilha populista: criar um inimigo externo para esconder a própria falência interna. Mas o “day after” chegou — e o preço será pago pelos exportadores, pelos consumidores e pela imagem do país no mundo.
O dia seguinte chegou, e a conta já começou a chegar
A crise desencadeada em 30 de julho já impõe perdas reais ao Brasil: mercados comprometidos e credibilidade internacional desgastada. Mas o maior dano talvez seja interno: um presidente que se esconde atrás de discursos provocativos enquanto o país sangra, um vice que faz diplomacia sem mandato, uma imprensa que prefere fingir e uma base que aplaude o erro como se fosse estratégia.
O caso INSS: escândalo abafado pela crise fabricada, em vez de enfrentar as denúncias com transparência, o governo federal optou por reforçar o discurso nacionalista e a retórica de “ataque estrangeiro”, utilizando as sanções americanas como cortina de fumaça para tirar o foco do escândalo do INSS. A tentativa de inverter a narrativa — de acusado a acusado — é antiga na política, mas raramente tão explícita.
O “day after” das sanções não é só um problema comercial: é o retrato de um governo desconectado da realidade, com prioridades invertidas e uma liderança que opta por agitar em vez de governar.
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