Submarinos dos EUA operam próximos ao Ártico após escalada verbal entre Trump e Medvedev

DefesaNet — 04 de agosto de 2025

A mobilização de dois submarinos nucleares norte-americanos para áreas próximas ao território russo elevou significativamente a tensão entre Washington e Moscou nos últimos dias. A movimentação, confirmada na última sexta-feira (1º) pelo presidente Donald Trump em entrevista à emissora Newsmax, ocorre no contexto de uma crescente troca de ameaças entre o líder republicano e o ex-presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, hoje vice-presidente do Conselho de Segurança da Federação Russa.

Embora o governo norte-americano não tenha revelado as localizações exatas das embarcações, fontes militares consultadas pela imprensa internacional indicam que os submarinos da classe Ohio estariam operando em patrulha ativa no Atlântico Norte e na região do Ártico, áreas tradicionalmente sensíveis do ponto de vista estratégico para a Rússia. A presença submarina foi classificada como “dissuasiva” por Trump, que afirmou: “Quando alguém menciona a palavra ‘nuclear’, é necessário agir. Medvedev cruzou uma linha.”

Ultimato e escalada diplomática

O estopim da crise atual foi o ultimato lançado por Trump no dia 29 de julho, em que o presidente norte-americano estabeleceu um prazo de dez dias para que o Kremlin anunciasse o fim da guerra contra a Ucrânia. Em caso de descumprimento, os Estados Unidos ameaçam impor tarifas de até 100% sobre produtos russos, ampliando significativamente as sanções econômicas vigentes.

Medvedev reagiu com veemência, chamando os ultimatos de “atos hostis” e evocando o antigo sistema soviético de retaliação nuclear automática conhecido como Perimetr — ou “Mão Morta” —, desenvolvido durante a Guerra Fria. Em mensagem publicada em seu canal oficial no Telegram, o ex-presidente advertiu que “cada novo ultimato de Trump é um passo rumo à guerra”.

A retórica inflamou o ambiente diplomático. Trump respondeu pela Truth Social, chamando Medvedev de “ex-presidente fracassado que ainda se acha presidente”, e advertiu que o russo estaria “entrando em território perigoso”.

Moscou silencia. OTAN em alerta

Desde a última sexta-feira, o Kremlin não comentou oficialmente a movimentação dos submarinos americanos. Porém, fontes do Ministério da Defesa russo divulgaram informalmente que Moscou reforçou as patrulhas aéreas sobre o Mar de Barents e em torno da península de Kola, sede de importantes instalações da Frota do Norte russa.

Além disso, radares da OTAN identificaram aumento nos voos de aeronaves estratégicas russas TU-95MS e TU-160 nos limites do espaço aéreo europeu. Bruxelas acompanha o caso com cautela. Em nota conjunta divulgada neste sábado (3), a Aliança Atlântica reforçou o “compromisso com a dissuasão estratégica” e advertiu contra qualquer escalada “não coordenada” de forças nucleares.

Conflito na Ucrânia permanece sem solução

Passados mais de seis meses do início do mandato de Trump, a guerra na Ucrânia segue sem avanços significativos rumo à paz. Julho foi o mês com o maior número de ataques com drones russos desde o início do conflito, e, na última semana, Vladimir Putin anunciou o início da produção em série do míssil hipersônico “Oreschnik”, com capacidade nuclear.

Para analistas em Washington e Berlim, a pressão pública de Trump é um reflexo direto do desgaste político interno nos EUA, já que o presidente se comprometeu em campanha a “encerrar a guerra em 24 horas”, promessa que se mostra cada vez mais distante da realidade.

A decisão de mobilizar submarinos nucleares, mesmo com caráter dissuasório, marca um novo patamar na crise entre Estados Unidos e Rússia. O uso da ameaça velada de força estratégica, com referências explícitas a armamentos de destruição em massa, remonta aos períodos mais tensos da Guerra Fria.

Se por um lado a Casa Branca tenta recuperar a iniciativa diplomática frente à estagnação da guerra na Ucrânia, por outro, a Rússia parece disposta a testar os limites da nova administração americana. A ausência de canais diretos de diálogo entre Moscou e Washington aumenta o risco de erro de cálculo, especialmente em uma conjuntura onde as forças estratégicas estão em estado de prontidão.

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