Everett, EUA – A Boeing atingiu um novo marco estratégico no desenvolvimento da família 777X, com o bem-sucedido voo inaugural do quinto exemplar do modelo 777-9.
A decolagem ocorreu nesta terça-feira, 05 de agosto, a partir de Paine Field, em Everett (Washington), marcando o retorno da fabricante ao ritmo de testes em voo após quase cinco anos sem a inclusão de novas aeronaves no programa.
Detalhes técnicos do voo
O voo de ensaio teve 2 horas e 27 minutos de duração, alcançando 39 mil pés de altitude e velocidade de Mach 0,84 – dentro dos parâmetros previstos para operações típicas da aeronave. A tripulação incluiu o piloto-chefe do 777X, Ted Grady, o piloto de projeto Mark Brown, e uma equipe técnica especializada em sistemas e monitoramento de voo.
“O 777-9 voa com desempenho impecável. A aeronave respondeu exatamente como projetado”, destacou Grady após o pouso.
Construído com a configuração final de produção, este quinto exemplar dará continuidade a uma fase essencial de ensaios de certificação, com foco na verificação de resistência a interferência eletromagnética e impactos de descargas atmosféricas, requisitos críticos para a certificação FAA e de outros órgãos reguladores.
O 777-9 e a família Boeing 777X
O Boeing 777-9 é a maior aeronave bimotora já construída no mundo. Com capacidade para transportar mais de 400 passageiros e alcance superior a 13 mil quilômetros, a aeronave incorpora tecnologias inovadoras como:
- Folding Wingtips em material composto
- Motores GE9X – os mais potentes já instalados em aviões comerciais
- Eficiência operacional superior a modelos predecessores
A aeronave integra a família 777X, que inclui o 777-8 de passageiros, o 777-8F cargueiro, e o próprio 777-9, com mais de 550 encomendas firmes registradas por companhias como Emirates, Qatar Airways, Lufthansa e ANA.

Comparativo técnico: 777-9 vs Airbus A350-1000
A seguir, um resumo técnico comparativo entre o Boeing 777-9 e seu principal concorrente no mercado de longo alcance e alta capacidade, o Airbus A350-1000:
Característica | Boeing 777-9 | Airbus A350-1000 |
---|---|---|
Capacidade (2 classes) | ~426 passageiros | ~350 passageiros |
Alcance | ~13.500 km | ~16.100 km |
Envergadura | 71,8 m (folding wingtips) | 64,75 m |
Comprimento | 76,7 m | 73,78 m |
Motores | 2x GE9X | 2x Rolls-Royce Trent XWB |
Eficiência | +10% vs. 777-300ER (segundo Boeing) | Alta eficiência aerodinâmica e estrutural |
Primeira entrega | Prevista para 2026 | Entrou em operação em 2018 |
Implicações industriais e estratégicas
O reinício dos voos de teste com novas unidades do 777-9 é um sinal claro de que a Boeing superou uma fase crítica de atrasos e problemas de qualidade na produção.
A retomada do ritmo no programa é essencial para atender a clientes estratégicos no Oriente Médio e Ásia, além de restaurar a confiança da indústria e dos investidores.
Adicionalmente, a maturidade do 777X poderá abrir caminho para eventuais derivações militares, como plataformas de reabastecimento em voo, transporte logístico estratégico ou AEW&C – similar ao que ocorreu com os derivados do 767 (KC-46 Pegasus) e 747 (VC-25, E-4B).

“Investimos anos neste projeto. Ver essa aeronave decolar foi um momento de orgulho técnico e humano”, declarou o engenheiro-chefe Michael Kellner.
Perspectiva de mercado
A Boeing prevê as primeiras entregas do 777-9 para 2026, o que pode reposicionar a fabricante frente à crescente concorrência da Airbus no mercado de aviões widebody de nova geração.
Especialistas avaliam que o sucesso da certificação e entrega do 777X é crítico para o futuro da aviação comercial americana nos próximos 20 anos.
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