Palavras de despedida do Gen Bda R1 José Júlio Dias Barreto do Programa Estratégico do Exército ASTROS e da Vida Militar

O Gen Bda R1 José Júlio Dias Barreto, foi por 13 anos Gerente do Programa Estratégico do Exército ASTROS e cumpriu uma vida militar de 52 anos. As suas palavvras de Despedida são a história de Programa Estratégico ASTROS


Nota DefesaNet

Palavras de Despedida da Vida Militar do Gen Bda R1 José Júlio Dias Barreto proferidas no dia 31 de Julho de 2025. Ao longo de 52 anos dedicados a Vida Militar dos quais por 13 anos e quatro meses gerenciou o Programa Estratégico do Exército ASTROS.

DefesaNet agradecfe a atenção e sempre a cortesia em atender as demandas do Editor ao longo destes anos.

Ao Gen Bda R1 Barreto os votos de sucesso na sua vida “civil”.

Ao novo Gerente do Programa Estratégico do Exército ASTROS General de Brigada Moisés da Paixão Junior os votos de sucesso.

Além das autoridades nominadas na mensagem compareceram também:

  • Gen Ex David – Chefe do DEC;
  • Gen Ex R1 Ferrarezi;
  • Gen Ex R1 Brandao;
  • Gen Ex R1 Menandro;
  • Gen Ex R1 Ferreira;
  • Gen Ex R1 Fernando; e
  • Gen Ex R1 Pafiadache.

Muitos Oficiais Genreais da ativa e da reserva, muitos Oficiais e Pracas e integrantes e empresários da Base Industrial de Defesa. E também familiares.

O Editor


PALAVRAS DE DESPEDIDA

Boa Tarde!

Cumprimento e agradeço a presença do:

Gen Ex Marco Antônio Amaro dos Santos, Ministro de Estado, Chefe Do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República,
Deputado Federal Elieser Girão Monteiro Filho, meu Amigo de Infância e Irmão por Escolha da Turma da AMAN,
Gen Ex Richard Fernandez Nunes Chefe do Estado-Maior do Exército,
Gen Ex Anísio David de Oliveira Júnior Chefe do Departamento de Engenharia e Construções,

Em nome dos quais Cumprimento e Agradeço a presença de todos os Integrantes do Alto Comando do Exército de Ontem, de Hoje e de Sempre.
 
Cumprimento e agradeço a presença dos oficiais generais, dos militares da ativa e veteranos e dos amigos e empresários da base industrial de defesa, que angariei nesses treze anos como Gerente do Programa Estratégico do Exército ASTROS.

Deus é muito bom!

Retroajo a 14 de maio de 2010, quando encerrando a minha carreira, em cerimônia presidida pelo Gen Ex Ferrarezi, transmiti o comando da 13ª Brigada de Infantaria Motorizada – Brigada Barão de Melgaço ao, então General de Brigada Amaro.

Eu e Reijane deixamos a capital de todos os matogrossenses e viemos para Brasília, era aqui que estavam as nossas filhas, a maioria de meios, como aprendemos na casa do saber, onde apliquei o esforço principal da manobra da vida que iniciava.

Gen Bda R1 José Júlio Dias Barreto e esposa Reijane

Antes mesmo de ajustar todos os neurônios com a nova situação o Gen Div Eduardo Dias da Costa Villas Boas me convida para ir trabalhar com ele na Assessoria Especial de Gestão de Projetos (AEGP), embrião do que viria a ser no futuro o Escritório de Projeto do Exército (EPEX).

No dia 01 de setembro de 2010 vim ao QG do Exército (QGExd) para iniciar o novo trabalho na AEGP, ao passar pela entrada da 7ª Subchefia do Estado-Maior do Exército o Gen Menandro 7º subchefe me chama e me informa que eu não iria trabalhar na AEGP e sim com ele na 7ª Sub chefia, fui o primeiro Prestador de Tarefa por Tempo Certo (PTTC) a ser abatido em voo!

A tarefa era chefiar a equipe para elaborar o Projeto de Força do Exército (PROFORÇA), force design do exército para 2031, que depois se transformou na Concepção Estratégica do Exército.

Durante essa missão, no ano de 2011, fui designado pelo Gen Ex Enzo, Comandante do Exército, para realizar o Curso Superior de Política e Estratégia (CSUPE), no campus avançado da Escola Superior de Guerra, em Brasília.

Concluímos e entregamos o PROFORÇA, em fevereiro de 2012, numa reunião específica do alto comando do exército.

O Gen Ex Silva e Luna, então Chefe do Estado-Maior do Exército, em março daquele ano, me consulta se eu aceitaria ser o Gerente do Projeto “Artilharia”. perguntei o que ele entendia por projeto artilharia, ele me respondeu que era artilharia de campanha, mísseis, foguetes e antiaérea, ele me disse que não precisaria responder pois estava indo ao Comando da Brigada Antiaérea, no Guarujá e que depois me chamaria. Ao retornar, me chamou e me disse que realmente o Projeto Artilharia, como ele havia imaginado, era muito abrangente e perguntou se eu aceitaria ser o Gerente do Projeto Estratégico do Exército Astros 2020, respondi que sim.

Gen Barreto com Deputado Federal General Girao e colegas

Recebi do então Coronel Artilharia Diehl, e exerço desde 1º de abril de 2012 até o dia de hoje, a função de gerente, foram 13 anos e quatro meses à frente desse magnífico programa estratégico.

Desafio aceito! com os objetivos estratégicos, elencados no PROFORÇA em mente, foquei nos projetos do míssil tático de cruzeiro (MCT), do Foguete Guiado (Fgt G), do Forte Santa Bárbara e da Modernização e Aquisição de Viaturas do Sistema ASTROS.

Os projetos de pesquisa e desenvolvimento do MTC e Fgt G foram os maiores desafios que enfrentei, gerenciar no mesmo nível com os militares e com os engenheiros a busca do mesmo objetivo operacional “ter um sistema que desse à força terrestre as condições de contribuir com a capacidade de dissuasão extrarregional que a nação tanto precisa”.

O “joystick” estava comigo, mostrando sempre o caminho e o objetivo operacional a ser atingido, estabelecendo linhas de controles e marcos a serem vencidos sempre com o foco no objetivo a ser alcançado. enfrentei desafios tecnológicos onde as soluções não estavam ao nosso alcance, tendo que encontrá-las com o esforço de todos os envolvidos, exército e empresa.

Esquerda – Auditório do Departamento Geral do Pessoal no Quartel General do Exército, lotado com autoridades da ativa colegas e membros da Base Industrial de Defesa.
Direita – Colegas de Trabalho no EPEX

Não foi fácil, mas as soluções vieram, muitas campanhas de testes, lançamentos realizados com sucesso e outros que não atingiram os objetivos que esperávamos, mas, em todos nós, havia o desejo e a garra de atingir o final do projeto. nos deparamos com situações onde o apoio da FAB foi fundamental, tínhamos um “gap tecnológico” com relação a algumas partes componentes do MTC, a solução que encontramos, junto com a FAB, foi elaborar e executar o projeto voo cativo, que consistia em colocar o corpo de prova na fuselagem de uma aeronave F-5, executar todo o envelope de voo e as operações do MTC previstas após o lançamento, quando os problemas apareceram trouxemos o corpo de prova de volta e a equipe de engenheiros da AVIBRAS, entendeu e corrigiu o defeito e aperfeiçoou os componentes em desenvolvimento. o objetivo do projeto voo cativo foi plenamente alcançado, a consequência veio nas campanhas que se seguiram.

Aas campanhas de 2019 até março de 2022 atingiram todos os objetivos preconizados onde os MTC lançados percorreram todos os “waypoints” e a distância de 300 km ou mais, em todas o MTC atingiu a área do alvo dentro da precisão estabelecida, menor de 30 metros, sendo os dois últimos com 16 e 9 metros do ponto determinado. O Pjt MTC atingia o seu ápice, mais um pouco de trabalho e o projeto estaria concluído e seguiria para a fase de produção.

Havia a necessidade de adquirir novas viaturas ASTROS no padrão Mk-6 para equipar o 16º Grupo de Mísseis e Foguetes, e de modernizar as antigas no padrão Mk2 e Mk3. Impus uma condição, que as Viaturas  Modernizadas tivessem as mesmas capacidades funcionais e características operacionais das Viatura Mk6, de lançar toda a família de foguetes e o MTC. Nasciam assim as 38 Viaturas ASTROS no padrão Mk3M que equipam hoje o 6º Grupo de Mísseis e Foguetes.

O Forte Santa Bárbara (FSB) foi concebido, mesmo antes da criação do Comando de Artilharia do Exército, para ser a estrutura física que iria abrigar a Artilharia Estratégica de Misseis e Foguetes do Exército Brasileiro. Em 2012, onde hoje existem as instalações das Organizações Militares era mata virgem do cerrado. A concepção do FSB contempla um QG do Comando de Artilharia do Exército – dois Grupos de Misseis e Foguetes – um Centro de Instrução de Artilharia de Mísseis e Foguetes um Centro de Logística de Mísseis e Foguetes – uma Base Administrativa – uma Bateria de Comando do Comando de Artilharia do Exército – e uma Bateria de Busca de Alvos.

As obras iniciaram em 2014 com toda a infraestrutura do forte, em 2018 foram entregues o Centro de Instrução de Artilharia ade Mísseis e Foguetes (C I Art Msl Fgt) e o Centro Logístico de Mísseis e Foguetes (C Log Msl Fgt), em 2020 o 16º Grupo de Mísseis e Foguetes e a transferência do Comando de Artilharia do Exército de Porto Alegre (RS) para Formosa (GO), em 2021 o Comando e a Bateria Comando do Comando de Artilharia do Exército.

Em 2026, está prevista para ser entregue a Base Administrativa (B Adm), que se encontra em fase final de construção. Falta construir a Bateria de Busca de Alvos (Bia BA), com isso após a sua conclusão o Sistema Estratégico de Mísseis e Foguetes estará completo. É o sistema quem gera a capacidade!

Em 2013, foi concebido o que se queria em termos de Simulação para a Artilharia de Mísseis e Foguetes, mas não encontramos quem desenvolvesse o que havíamos concebido. A solução veio de uma parceria entre o Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), iniciamos as primeiras conversas com os professores da UFSM, mostrei o que queríamos em termos de simulação – Sistema Integrado de Simulação ASTROS – os trabalhos iniciaram em 2014, com uma equipe de 11 professores doutores da UFSM e cerca de 15 integrantes entre alunos e pesquisadores, essa equipe desenvolveu e entregou à Divisão de Simulação do Centro de Instrução de Artilharia de Mísseis e Foguetes (CI Art Msl Fgt), simuladores virtuais táticos integrados com o combater, treinamentos baseados em computadores e os requisitos dos simuladores virtuais técnicos (ainda não adquiridos), esse sistema de simulação é vanguarda na força terrestre. O Sistema ASTROS (Sis-ASTROS) caracteriza muito bem, a tríplice hélice – governo – academia – indústria.

O Sistema Transportável de Rastreio de Engenhos em Voo (STREV), desenvolvido pela empresa OMNISYS, veio cobrir uma lacuna do Sistema de Ciência Tecnologia do Exército, trazendo de volta uma capacidade que havia no passado e que foi recuperada em melhores condições e entregues ao Centro de Avaliações do Exército (CAEx). Hoje o Exército dispõe de um sistema de rastreio que contribui para o desenvolvimento de Materiais de Emprego Militar (MEM) das três forças, e principalmente é uma ferramenta de fomento à pesquisa e ao desenvolvimento de armamentos e engenhos em voo, à disposição das empresas que compõem a Base Industrial de Defesa.

O subprograma Sistema de Artilharia de Campanha (SAC) foi incorporado ao Programa Estratégico do Exército ASTROS no ano de 2024, atendendo a um anseio antigo de juntar a artilharia de tubo e a de mísseis e foguetes em um único programa estratégico. dentre outras ações ressalto a implantação do Sistema Digitalizado de Artilharia de Campanha (SISDAC) e a revitalização das Viatura Blindada de Combate Obuseiro Autopropulsado 155mm  (VBC OAP M-109A5).

Gen Divisão Tales Villela da Diretoria de Fabricação entrega agradecimento ao Gen Barreto em Julho 2025

O apoio da estrutura do exército foi fundamental, para o sucesso do trabalho realizado na construção do legado que estou deixando, com especial destaque ao estado-maior do exército e ao Escritório de Projetos do Exército, ao Departamento de Ciência e Tecnologia, Diretoria de Fabricação, Centro Tecnológico do Exército (CTEx) e o Centro de Avaliação do Exército (CAEx), ao Departamento de Engenharia e Construções, Diretoria de Obras Militares (DOM), Diretroria de Obras de Cooperação (DOC), Diretoria de Projetos de Engenharia (DPE), Comissão Regional de Obras da 11ª Região Militar e 1ª RM (CRO 11 e CRO 1), na execução dos vários projetos do Programa ASTROS.

Desde o início até hoje, tive o apoio e agradeço aos comandantes da Artilharia Divisionária da 6ª Divisão de Exército e dos Comandante de Artilharia do Exército, com especial destaque, agradeço ao General Gurgel (que adotei como meu irmão caçula) e General Erb (atual comandante) pela fidalguia, suporte permanente e entendimento do verdadeiro trabalho que estava sendo realizado pelo Programa Estratégico do Exército ASTROS, cujo principal beneficiário é o Comando de Artilharia do Exército e as suas Organizações Militares que integram o Forte Santa Bárbara.

Dois grandes brasileiros me inspiraram e me abasteceram de força e resiliência, para encarar todas as adversidades que encontrei durante essa caminhada, Marechal José Pessoa e o Marechal Casemiro Montenegro. Marechal José Pessoa natural de Cajazeiras (PB) idealizador da nossa querida academia militar das agulhas negras, deixou um gigantesco legado para a formação de gerações de Oficiais do Exército, todos nós oficiais aqui presentes fomos beneficiados! Marechal Casemiro Montenegro, natural de Fortaleza(CE), idealizador do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e do Centro Tecnológico da Aeronáutica e também um grande impulsionador do desenvolvimento e implantação de uma indústria aeronáutica brasileira, deixou um enorme legado basta olharmos hoje a indústria aeronáutica brasileira.

Eu não saio do Exército e o Exército não sai de mim, onde eu estiver estarei, como sempre fiz nesses 52 anos de vida castrense, torcendo por uma força terrestre bem equipada, bem adestrada e em prontidão permanente, para atender ao chamado da pátria.

Deixo um legado que irá impactar as próximas gerações de artilheiros. o Programa ASTROS segue a sua trajetória em busca do seu objetivo maior, dar a capacidade ao Exército de contribuir com a dissuasão extrarregional. o meu substituto General Moisés da Paixão Junior, um conhecedor profundo da artilharia de tubo, está agora com o joystick e tenho certeza que com lealdade e competência conduzirá o Programa Estratégico do Exército ASTROS para o seu principal objetivo.

Meus agradecimentos aos integrantes e empresários das empresas da Base Industrial de Defesa pelo trato transparente e a busca pelos mesmos objetivos.

Meus agradecimentos aos profissionais e amigos do EPEx pela convivência salutar e, em especial, a todos que integraram e integram hoje a equipe do programa astros muitos aqui presentes, meu muito obrigado pela dedicação, lealdade e competência com que ajudou esse gerente a conduzir as ações que levaram às entregas que forjaram uma parcela do nosso exército, em permanente processo de transformação. quem trabalha com projetos e programas, não trabalha para o agora, o faz para as próximas décadas.

Vai dar Certo!

Sigo para novos desafios, com uma bagagem de conhecimento que não foi adquirida nos bancos escolares, mas sim da labuta diária, de mais de uma década, na gestão de um programa da magnitude do Sistema Estratégico de Mísseis e Foguetes do Exército Brasileiro.

Encerro essa minha oratória não com palavras, mas com atitude, gesto e duração.

  • Aos que aqui vieram abrilhantar essa simples cerimônia de despedida de um soldado;
  • À minha amada família;
  • Ao meu exército invicto de Caxias; e,
  • Ao meu país;

A minha continência de soldado.

Muito obrigado!

Um dos “spin off” do Programa Estratégico do Exército ASTROS foi o Simulador Virtual Tático (SVTat), desenvolvido pelo Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), com a participação do EPEx-EME, da Diretoria de Fabricação (DF), do CDS, do Comando de Artilharia (Cmdo Art Ex) e do Centro de Instrução de Artilharia de Misseis e Foguetes (CI Art Msl Fgt).
O sistema teve a Comcessão de Patente do Sistema e Método de Simulação em Multirresolução Compartilhada pelo DCT e a UFSM, pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial, em 24 Junho 2025.

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