Em artigo publicado nesta segunda (11) no Estadão, o jornalista Marcelo Godoy fez uma análise dos últimos movimentos da cúpula militar, em torno da promoção dos novos oficiais generais e a transferência do segundo cargo na hierarquia do Exército, a chefia do Estado-Maior, pelo general Richard Nunes, que está indo para a reserva.
Relembrando o marechal Mallet e sua famosa sentença em Tuiuti: “Eles que venham, por aqui não passarão!”, Godoy lembra que, na semana passada, a “cavalaria inimiga” desafiou o comandante do Exército, general Tomás Paiva.
Um grupo de oficiais da reserva ligado ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro tentou escalar a crise política, levando-a para dentro dos quartéis. Foram neutralizados, sem a necessidade de nenhuma conversa no Forte Caxias para lhes impor aquilo que diziam defender quando estavam na ativa: disciplina, afirma o jornalista, segundo o qual três generais que participaram de governos anteriores e a mulher de um quarto estão entre os radicais. A justificativa do grupo seriam as últimas medidas do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
Reunido na semana passada, o Alto Comando chegou ao consenso de que a crise é política e que a instituição não deve ser contaminada pelos humores da Praça dos Três Poderes.
O entendimento foi de que o objetivo dos radicais era acrescentar à bagunça institucional uma crise militar, desestabilizando o general Tomás para retirar a legitimidade do atual Alto-Comando, visto como obstáculo a um golpe.
Em uma República – entendem os generais – o Exército não pode ser o braço armado de um partido político contra outro.
Aos generais recém-promovidos, o general Richard disse que preservar e fortalecer o Exército “requer acurado entendimento do ambiente informacional e plena aplicação dos preceitos da comunicação estratégica, com estrita observância dos princípios e valores éticos e morais cultuados por nossa instituição”.
Em seguida, ele enfatizou que a instituição deve se manter distante da crise:
“Nestes tempos marcados pela precipitação, pela superficialidade, pelo imediatismo e pela conturbação, esse comportamento é mais do que nunca imprescindível para o enfrentamento das frequentes campanhas de desinformação percebidas em guerras de narrativas cada vez mais polarizadas.”
E concluiu: “É preciso que instruam e orientem seus subordinados para o desafio de assegurar o caráter perene de uma instituição calcada no respeito à hierarquia e à disciplina.”
Entre os promovidos a general de divisão estava Marcelo Zucco, irmão do deputado federal Luciano Zucco (PL-RS), que está entre os 14 parlamentares da direita que podem ser punidos em razão do episódio da ocupação da mesa da Câmara dos Deputados.
Horas mais tarde, Richard voltou à carga, durante a transmissão de cargo da chefia do EME:
Dirigindo-se ao Comandante do Exército, afirmou: “Tem sido uma honra servir ao seu lado e auxiliá-lo na grande empreitada que é conduzir os destinos do Exército em uma época de tanta incompreensão.”
E prosseguiu: “A história registrará os esforços que tem realizado para a preservação dos princípios e valores que devem nortear o Exército de Caxias como autêntica instituição de Estado”.
Então, concluiu: “Conte sempre com este soldado para manter inexpugnável a fortaleza da hierarquia e da disciplina: ‘Eles que venham. Por aqui não passam!’”.
Leia o artigo de Marcelo Godoy no Estadão (só para assinantes)
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