RS: soldado vítima de agressões se apresenta ao quartel e é internado na enfermaria: “Literalmente preso”, diz advogado

 

Militar viu seus agressores sentados, tomando sol e usando celulares; advogado aguarda por Mandado de Segurança

Dariano Moraes
Alegrete (RS) – Leiam mais uma etapa deste rumoroso caso do soldado torturado dentro do quartel do 6° RCB, que acompanhamos em auxílio ao advogado da vítima trazida de Passo Fundo.

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Texto do advogado Júlio César Rodrigues:

Ontem, 11/08, conforme tratado por telefone no sábado com o representante do quartel, apresentei meu cliente na OM em Alegrete, às 13 horas, para a realização de inspeção médica militar.

Depois de horas aguardando na companhia do repórter e também colega DARIANO MORAES.

Enquanto imaginava que meu cliente estivesse sob a inspeção médica necessária para ratificar o atestado médico civil para o afastamento e seu retorno pra casa, surgiu um médico na sala dizendo que daria um atestado de 20 dias, porém, antes, iria conversar com o comandante do quartel.

Passado pouco tempo, entra na sala meu cliente, já fardado e escoltado por dois militares, ao me ver, imediatamente pôs-se a chorar em desespero.

Nisso, o assessor jurídico da Organização Militar comunicou que o soldado não seria autorizado a ir para sua casa antes de todo o procedimento necessário à apuração de sua saúde e, enquanto isso, seria mantido na enfermaria.

Meu cliente foi literalmente preso hoje, depois de ser vítimas de agressões físicas e psíquicas dentro do quartel, guardando sequelas, já sob tratamento em Passo Fundo, tendo prestado grande colaboração no IPM, agora está sob uma medida teoricamente adequada, mas que de fato, significa uma prisão, não contribui com sua recuperação e, o pior, tem reais possibilidades de agravar seu estado de saúde física e mental.

Aí o médico retornou com dois documentos, um dispensando o impetrante de “TPF”, “TAF”, “MARCHAS”, “FORMATURAS”, “CORRIDAS”, “SERVIÇOS” E “CAMPO”, atestando a necessidade de repouso em “ENFERMARIA”, por 20 dias; e um encaminhamento ao psiquiatra, sem data marcada.

Só para que vcs tenham ideia, quando me despedia de meu cliente na frente do quartel ele apontou dois de seus agressores que estavam sentados num quiosque com seus celulares na mão.

Fui cobrar essa situação, pois, primeiro me haviam dito que estavam afastados, depois, que estavam presos, e a resposta foi que estavam presos e em sua hora do sol.

Mas e os celulares? Será que isso não tem importância?

E mesmo que tenha sido uma casualidade o encontro de mau cliente e seus agressores, isso não prejudica seu estado psicológico? Os vendo tranquilos, com seus celulares à mão, como se nada tivesse acontecido!

A questão é: internado na enfermaria do quartel, como preso, sem poder sair, o pânico e a ansiedade que passou a sofrer estarão sendo tratados ou ficarão piores?

Ninguém pode precisar o tempo que levará para o suposto regulamento exigido pelo EB para afastá-lo. Não é justo para ninguém, muito menos para quem foi vítima como meu cliente, ser mantido confinado em um quarto de enfermaria.

Não consegui manter minha palavra a sua mãe que o traria de volta, mas ainda não acabou. Quanto mais percebo com o que estou lidando, mais vejo a necessidade de não desistir.

Por ora continuo contando com o apoio de vocês que estão acompanhando o caso e esperando a decisão do Mandado de Segurança que, nessa altura do campeonato, depois de tanta insensatez, não ficarei surpreso se for negado. Mas isso de maneira alguma significa o fim.

Quanto mais essa situação durar, ao final, maior será as consequências aos responsáveis.

Agradeço a todos que estão acompanhando e compartilhando o caso, pois talvez esse seja o único caminho para uma solução sensata.

Muito obrigado,
Julio Cesar.

Militar ficou com hematomas nas pernas (Imagem: página Dariano Moraes – Facebook)

Dariano Moraes (Facebook) – Edição: Montedo.com

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