Aos 79 anos, Nelson Jobim analisa o 8 de janeiro em Brasília como uma balbúrdia, reforçando que as Forças Armadas permanecem legalistas e que o Brasil vive uma fase de desafios políticos.
Felipe Eduardo Varela
Com passagens pelos 3 poderes Brasileiros nas últimas décadas, Nelson Jobim mantém seu envolvimento no cenário político e jurídico, trazendo uma visão clara e pragmática sobre a turbulência política que marcou o Brasil nos últimos tempos. Sua análise do 8 de janeiro de 2023, em Brasília, é direta: “Foi uma balbúrdia, uma bagunça, como tantas outras que já vimos na história do Brasil. As forças armadas são absolutamente legalistas, seus comandantes estão comprometidos com a manutenção do processo democrático. Não há risco de golpe de Estado neste momento”, garante, tranquilizando e reforçando sua convicção de que as instituições democráticas brasileiras resistem às pressões internas e externas.
Ele acrescenta que, apesar das imagens de tumulto que circularam mundialmente, não há evidências de envolvimento das forças armadas. Para Jobim, o episódio foi resultado de ações isoladas de indivíduos, e não de uma tentativa coordenada de golpe. “O que aconteceu foi uma manifestação de desordem, uma confusão sem apoio ou participação dos militares de forma oficial ou institucional. As Forças Armadas permanecem absolutamente legalistas e comprometidas com a democracia, mesmo diante de alguns excessos e provocações que surgem no dia a dia político”, afirma, evidenciando sua confiança na institucionalidade brasileira.
Repensar o sistema político
O ex-ministro também pontua a fragilidade do sistema político atual, que reflete uma crise de representatividade e de funcionamento das lideranças. Segundo ele, a desorganização do Congresso, a dependência de recursos como as emendas parlamentares, e a perda de relevância dos partidos políticos criaram um cenário de fragilidade nas decisões coletivas. “Nós estamos vivendo uma disfuncionalidade que precisa ser urgentemente enfrentada. O Judiciário, por sua vez, tem assumido um papel que devia caber ao Legislativo e ao Executivo, e isso cria uma crise maior”, explica.
Jobim sugere que talvez seja o momento de repensar o próprio sistema político brasileiro, considerando o fortalecimento de um modelo semipresidencial, onde a relação entre o chefe do Estado e o chefe do Governo seja mais equilibrada. “Podemos aproveitar essa crise para buscar uma estrutura mais eficiente, com mais responsabilidade compartilhada, maior estabilidade e menos conflitos artificiais”, avalia, sinalizando uma possível mudança de paradigma que ajudaria a fortalecer a democracia brasileira. Leia mais.
Público Brasil – Edição: Montedo.com
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