O encontro na Casa Branca foi marcado pelo tom amistoso e pelos elogios frequentes
WASHINGTON – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se encontrou nesta segunda-feira, 18, com o ucraniano Volodmir Zelenski e líderes da Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Finlândia, UE e Otan para discutir o fim da guerra na Ucrânia. Na reunião, ambos os lados concordaram com a necessidade de dar garantias de segurança a Kiev caso o conflito chegue ao final. Um encontro trilateral entre Trump, Zelenski e o líder russo, Vladimir Putin, também foi discutido.
O encontro na Casa Branca foi marcado pelo tom amistoso e pelos elogios frequentes, tanto por parte de Zelenski, quanto de Keir Starmer, Emmanuel Macron, Giorgia Meloni e Friedrich Merz a Trump, que, na sexta-feira passada discutiu o fim da guerra com Putin no Alasca.
Embora detalhes do que foi discutido ainda não tenham sido tornados públicos, o Financial Times publicou que a Ucrânia ofereceu a Trump um acordo de compras de US$ 100 bilhões em armas americanas, mais uma parceria de US$ 50 bilhões na produção de drones.
Garantias de segurança
Após a reunião, na Truth Social, Trump disse que as reuniões foram frutíferas e que os líderes discutiram “garantias de segurança para a Ucrânia, que seriam fornecidas por vários países europeus, em coordenação com os Estados Unidos”.
Ele também disse que já foram dados os primeiros passos para uma reunião entre Zelenski e Putin, que seria seguida por uma reunião trilateral incluindo ele próprio.
Antes de a reunião acabar, Trump falou com Putin. Segundo ele, o russo também tem interesse no fim da guerra. De acordo com o Kremlin, ambos discutiram a ‘ampliação do nível de enviados russos e ucranianos nas negociações de paz’.
Em troca, os EUA ofereciam garantias de segurança que envolveriam, segundo Zelenski, treinamento, inteligência e logística contra uma possível agressão russa. Segundo a CNN internacional, o Pentágono elabora opções de garantias de segurança para Trump. O presidente se mostrou favorável a ajudar europeus e americanos e não descartou o envio de tropas para manter a paz na antiga república soviética.
Outro ponto discutido por Trump e os convidados europeus antes do encontro a portas fechadas foi a necessidade de convencer a Rússia a aceitar um cessar-fogo antes de um acordo de paz, além de a proteção da Ucrânia envolver um acordo nos moldes do artigo 5º da Otan – o que implicaria uma defesa imediata de Kiev em caso de agressão externa.
Recepção calorosa
Vestindo um terno escuro em vez de sua vestimenta militar habitual, Zelenski saiu de um SUV preto e foi calorosamente recebido por Trump na Casa Branca, em contraste ao fiasco do encontro anterior em fevereiro. Os dois conversaram alguns minutos com repórteres e seguiram para a reunião privada. Depois, os líderes europeus se somam ao encontro.
Nas primeiras trocas de palavras, Trump prometeu que os EUA participarão da assistência à segurança da Ucrânia como parte de um acordo para pôr fim à guerra, mas se recusou a fornecer mais detalhes sobre como será essa ajuda. “Todos (americanos e europeus) estarão envolvidos, mas haverá muita ajuda”, disse Trump. “Nós também vamos ajudá-los.”
O líder americano disse ainda que poderá garantir uma reunião conjunta com Putin e Zelenski “se tudo correr bem hoje”. Ele diz acreditar que há uma “chance razoável de acabar com a guerra” por meio dessa reunião.
Mais tarde, à mesa com os líderes europeus, a ideia da cúpula trilateral foi bem recebida por Zelenski, Starmer e Merz.
Sentado ao lado de Trump no Salão Oval, Zelenski agradeceu ao presidente dos EUA por seus “esforços pessoais” para impedir a guerra da Rússia na Ucrânia e entregou a ele uma carta de sua mulher para a primeira-dama Melania Trump.
Trump se reuniu com Vladimir Putin na sexta-feira, 15, no Alasca e desde então mudou seu discurso sobre a guerra. Antes, ele havia abandonado a pressão para que a Ucrânia cedesse território e passou a advogar por um cessar-fogo.
Agora, ele acredita que Kiev precisa abrir mão da região do Donbas, onde a Rússia controla apenas uma parte e passou a defender um acordo de paz mais amplo, como pede Putin.
Clima amistoso
Quebrando o protocolo que adotou desde o início da guerra na Ucrânia, Volodmir Zelenski apareceu para seu encontro com Donald Trump na Casa Branca vestindo um terno preto. A roupa foi elogiada pelo americano.
O jornalista Brian Glenn na Casa Branca, antes de dirigir a sua pergunta ao ucraniano, disse a Zelenski que o terno era “fabuloso”. “Ficou bem em você”, completou. “Eu disse a mesma coisa”, afirmou Trump. O republicano chegou a brincar que o repórter era “o mesmo que atacou” Zelenski da última vez.
Durante a última ida de Zelenski à Casa Branca, Glenn perguntou ao líder ucraniano sobre suas roupas, insinuando que sua vestimenta casual era desrespeitosa.
O ucraniano respondeu que se lembrava e que o jornalista vestia “o mesmo terno”. “Eu troquei [de terno], você não”, continuou o ucraniano. Ambos os líderes riram dos comentários e seguiram em um clima amistoso.
A cena contrasta com a última vez que Zelenski pisou no Salão Oval da Casa Branca, quando protagonizou um bate-boca com o presidente e seu vice JD Vance. Na época, Trump chamou o ucraniano de ingrato e o acusou de ‘apostar na 3ª Guerra Mundial’. Eles cancelaram a entrevista coletiva que teriam em seguida.
Para o encontro de hoje, líderes europeu também viajaram a Washington para apoiar Zelenski e garantir que ele não cairia em uma nova provocação de Trump.
A diferença de recepção entre Zelenski e Putin não passou despercebido. Na Base Conjunta Elmendorf-Richardson, no Alasca, tapetes vermelhos indicaram o caminho para Trump e Putin se dirigirem a uma plataforma com a inscrição “Alasca 2025”. Putin entrou na limusine presidencial de Trump, algo incomum.
Na chegada de Zelenski à Casa Branca hoje, Trump cumprimentou o presidente ucraniano na entrada da residência executiva, depois que a comitiva de Zelenski percorreu a entrada da casa, enfeitada com bandeiras e cercada por militares americanos uniformizados. Após um aperto de mão e cumprimentos, Trump respondeu “nós os amamos” enquanto um repórter gritava uma pergunta sobre sua mensagem para a Ucrânia.
Em ambas as circunstâncias, Trump recebeu os líderes estrangeiros, dando-lhes boas-vindas em solo americano./AP, NYT e W.Post
ESTADÃO
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