EUA enviam FT Naval para águas próximas à Venezuela: Maduro convoca 4,5 milhões de milicianos em resposta

Por DefesaNet

Em um movimento que eleva as tensões no Caribe Sul, os Estados Unidos anunciaram o envio de uma Força-Tarefa (FT) Naval composta por três destróieres equipados com mísseis guiados Aegis para águas internacionais próximas à costa venezuelana.

A operação, justificada como parte de uma ofensiva contra o narcotráfico, ocorre em meio a acusações diretas contra o regime de Nicolás Maduro, classificado pela administração Trump como uma “organização criminosa” ligada ao Cartel dos Sóis. Em resposta imediata, Maduro ordenou a mobilização de 4,5 milhões de milicianos bolivarianos, colocando as Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB) em alerta permanente.

Detalhes do deslocamento Norte-americano

A força-tarefa inclui os destróieres USS Gravely (DDG-107), USS Jason Dunham (DDG-109) e USS Sampson (DDG-102), todos da classe Arleigh Burke, equipados com sistemas Aegis para defesa antiaérea e antimísseis, além de capacidades de lançamento de mísseis de cruzeiro Tomahawk.

Aproximadamente 4.000 militares, incluindo fuzileiros navais e pessoal de apoio, foram deslocados para a região, sob o comando do U.S. Southern Command (SOUTHCOM). Fontes do Pentágono afirmam que a missão visa interceptar rotas de narcotráfico provenientes da América Latina, com foco em grupos criminosos transnacionais.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, reforçou a narrativa ao declarar que Maduro é um “narcoterrorista” e elevar a recompensa por informações que levem à sua captura para US$ 50 milhões – o dobro do valor oferecido pela administração anterior.

Essa escalada reflete a diretiva executiva de Donald Trump para autorizar ações militares contra cartéis designados como organizações terroristas, incluindo potenciais operações de forças especiais.

Analistas militares destacam que, embora a operação seja descrita como antidrogas, sua proximidade com as águas territoriais venezuelanas (a cerca de 100 km da costa) pode ser interpretada como uma demonstração de força.

A presença naval é complementada por ativos aéreos, incluindo aeronaves de patrulha P-8 Poseidon, ampliando a capacidade de vigilância e interdição na região.

A resposta Venezuelana: mobilização em massa

Em pronunciamento televisionado em 18 de agosto, Nicolás Maduro anunciou a ativação de 4,5 milhões¹ de membros da Milícia Nacional Bolivariana, criada por Hugo Chávez em 2007 como uma força paramilitar de reserva.

Integrada por civis treinados e armados, a milícia é descrita pelo regime como um “escudo popular” contra ameaças externas. Maduro acusou os EUA de “imperialismo” e ordenou que as FANB permaneçam em “alerta máximo”, com exercícios de defesa territorial em todo o país.

A convocação inclui a distribuição de armas leves e treinamento acelerado, com foco em defesa costeira e urbana. Fontes oficiais venezuelanas estimam que a milícia totalize cerca de 5 milhões de reservistas, embora analistas independentes questionem esses números, sugerindo inchaços para fins propagandísticos. Maduro vinculou a mobilização diretamente ao deslocamento naval dos EUA, afirmando que “não permitiremos invasões”.

¹Nota defesanet:

Possível como Propaganda, Improvável como Realidade MilitarMaduro pode “mobilizar” 4,5 milhões no sentido de anunciar e registrar números inflados para fins políticos, como demonstrado por reivindicações históricas crescentes. No entanto, uma mobilização efetiva – com treinamento, armamento e deployment operacional – é impossível nas condições atuais da Venezuela. Especialistas concordam que o tamanho real é muito menor (provavelmente abaixo de 500 mil ativos), e a MNB serve mais para controle interno e dissuasão simbólica do que para defesa contra potências externas. Essa estratégia reflete a doutrina chavista de “guerra popular prolongada”, mas sem recursos, permanece no campo da retórica. Se as tensões escalarem, o foco real estaria nas FANB regulares (cerca de 100-150 mil), não na milícia.

Contexto geopolítico e implicações para a América do Sul

Essa escalada ocorre no rescaldo das eleições presidenciais venezuelanas de julho de 2024, contestadas pela oposição e não reconhecidas pelos EUA, que apoiam Edmundo González como presidente legítimo. Sanções econômicas impostas por Washington desde 2017, especialmente ao setor petrolífero, agravaram a crise interna na Venezuela, com hiperinflação e migração em massa.

Países aliados de Maduro, como Rússia, China e Irã, condenaram o movimento dos EUA como provocação, enquanto nações latino-americanas, incluindo Brasil e Colômbia, expressam preocupação com uma possível escalada militar. O governo brasileiro, sob Lula, alertou para os riscos de instabilidade regional, defendendo diálogo mediado pela ONU.

Especialistas em defesa avaliam que uma intervenção direta dos EUA é improvável devido aos custos elevados – lições do Iraque e Afeganistão –, mas incidentes navais ou aéreos não podem ser descartados. O interesse norte-americano nas vastas reservas petrolíferas venezuelanas (as maiores do mundo) adiciona uma camada estratégica, com lobistas empresariais pressionando por moderação nas sanções.

USS Jason Dunham (DDG-109) – classe Arleigh Burke

Análise: riscos e perspectivas

A força-tarefa naval representa uma ferramenta de dissuasão clássica, alinhada à doutrina Monroe atualizada pela administração Trump. Para Maduro, a convocação de milicianos serve tanto para defesa quanto para consolidação interna, mobilizando bases chavistas em meio a protestos pós-eleitorais.

No entanto, a assimetria militar é evidente: os destróieres Aegis superam em tecnologia qualquer capacidade naval venezuelana, limitada a fragatas e submarinos obsoletos. Um confronto direto beneficiaria pouco ambos os lados, mas poderia desencadear uma crise migratória maior, afetando o Brasil e outros vizinhos.

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